Médicos envolvidos no tratamento experimental de pacientes com Covid-19 com hidroxicloroquina nebulizada – que não tem eficácia comprovada cientificamente – estão sendo acusados de violar o Código de Nuremberg, que serviu para condenar nazistas por experiências macabras.
Este documento tornou-se um marco na história da humanidade, pois foi estabelecida, pela primeira vez, uma recomendação internacional sobre os aspectos éticos envolvidos na pesquisa em seres humanos.
Nesta segunda-feira (19), o internauta Fernando L’Ouverture (@louverture1984) publicou uma thread sobre o assunto. Leia abaixo:
Os médicos de Manaus estão sendo acusados de violar o Código de Nuremberg, o primeiro tratado internacional de bioética, criado em 1947. O tratado serviu como fundamento jurídico para condenar 20 médicos nazistas envolvidos em experiências macabras.
Dizer que toda violação a esse código remete ao nazismo não é “forçação de barra”. Na origem do código está estabelecido isso. Isso não significa que antes e depois não tenha tido experimentos médicos criminosos contra os seres humanos.
A gente tem ao longo do século XX, antes e depois do nazismo, casos de esterilização forçada de mulheres. Mas somente depois do nazismo passou a existir um código internacional que vê isso como violação de direitos humanos.
De fato, o código criou uma baliza na qual todo experimento médico criminoso que viole o código remete, inevitavelmente ao nazismo. Todo ato que viole o Código de Nuremberg, portanto, torna-se prática análoga ao nazismo.
Isso posto, fico pasmo com quem diz que chamar os médicos de Manaus de “nazistas” é exagero. Exagero é violar o código mundial de bioética, criado para julgar alguns dos crimes mais escabrosos do nazismo.
O resto é passada de pano. E de gente mal intencionada, gente com déficit de interpretação de texto e filonazista, não quero papo, não.
A médica ginecologista Michelle Chechter poderá responder por homicídio no âmbito do inquérito que investiga a morte de uma paciente com Covid-19 que foi submetida ao tratamento no Instituto da Mulher e Maternidade Dona Lindu, em Manaus (AM).
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Para a Conep, o experimento feito pela ginecologista se tratou de pesquisa clínica com seres humanos, sem autorização da instância regulatória ética e sem respeito às normas de ética em pesquisa vigentes no país, sendo que cinco pessoas que receberam o tratamento morreram, dentre eles uma mulher grávida e seu bebê.
Segundo a comissão, Michelle infringiu não apenas o Código de Nuremberg, mas também outros documentos internacionais de bioética, como a Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos da Unesco.
“O tratamento experimental proposto em Manaus é uma grave violação não somente à luz das normas de ética em pesquisa no Brasil. O Código de Nuremberg, formulado em 1947 em resposta aos crimes praticados por médicos em experimentos com seres humanos durante a Segunda Guerra, é documento, ainda hoje, referenciado internacionalmente na área de ética em pesquisa”, diz a Conep.
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