Diante da evidente violência cometida contra o ativista Rodrigo Pilha, preso no Centro de Detenção Provisória II, em Brasília, o coordenador do Grupo Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho, pede a criação de uma Comissão na Câmara dos deputados para fazer uma visita ao local conhecido como Covidão.
Pilha foi preso em 18 de março por estender uma faixa chamando Bolsonaro de genocida. No cárcere, foi espancado e torturado. Privado da liberdade, dorme no chão há 42 dias.
“É um caso preocupante e infelizmente não é isolado”, diz o jurista, lembrando que esse tipo de violência contra detentos cresceu nos últimos dois anos, desde a posse de Bolsonaro.
“Ao que parece as torturas e os maus tratos estão ganhando uma dimensão maior, agora com motivação política”.
Segundo o coordenador do Prerrogativas, a Câmara dos deputados precisa assumir a função de investigar a situação e tomar providências, “afastando as autoridades envolvidas e restabelecendo condições mínimas de segurança e harmonia neste espaço”.
Marco Aurélio Carvalho diz que a situação se agrava com o avanço do autoritarismo que o governo Bolsonaro representa e se torna ainda mais preocupante porque o aumento da violência no cárcere está ganhando motivação política.
Enquanto esteve na Polícia Federal prestando depoimento, Pilha foi tratado de forma respeitosa, mas ao chegar no Centro de Detenção Provisória II, área conhecida como Covidão, em Brasília, alguns agentes já o esperavam perguntando quem era o petista.
A recepção foi realizada com crueldade.
O ativista recebeu chutes, pontapés e murros enquanto ficava no chão sentado com as mãos na cabeça.
Enquanto Pilha estava praticamente desmaiado, o agente que o agredia, e do qual a família e advogados têm a identificação, perguntava se ele com 43 anos não tinha vergonha de ser um vagabundo petista. E dizia que Bolsonaro tinha vindo para que gente como ele tomasse vergonha na cara.
Na cela, Pilha foi recebido pelos outros presidiários com solidariedade e respeito.
Mas durante à noite esses mesmos agentes foram fazer uma blitz na cela e deixaram todos pelados e os agrediram a todos com chutes e pontapés. Com Pilha, foram mais cruéis.
Esparramaram um saco de sabão em pó na sua cabeça, jogaram água e depois o sufocaram com um balde. Todos foram avisados que estavam sendo agredidos por culpa de Pilha. Do petista que não era bem-vindo na cadeia.
A tentativa dos agentes que se diziam bolsonaristas de estimular a violência dos colegas de cela contra Pilha não deu resultado. Pelo contrário, Pilha ficou 22 dias só com uma bermuda, uma cueca e uma camiseta que lhe foram doados por colegas de cela. Não lhe foi oferecida nenhuma roupa.
Como também ficou sem contato com a família neste período inicial, era na camaradagem com outros presos que Pilha conseguia comer uma bolacha, uma fruta ou outros produtos que podem ser comprados.
Atualmente, Pilha está trabalhando por 6 horas todos os dias e com isso consegue ficar fora do presídio das 14h30 às 20h30.
Mas tem que voltar para a cela todas as noites, onde convive com outros colegas, com baratas e escorpiões, por exemplo. Seus advogados estão tentando conseguir progressão de pena com base em leituras e cursos, mas têm tido dificuldade.