Site do Exército apaga notícia sobre aumento da produção de cloroquina

Atualizado em 11 de maio de 2021 às 10:37
Texto apagado pelo site do Exército. Foto: Reprodução/Wayback Machine

O site do Exército (www.eb.mil.br) excluiu uma notícia em que anuncia que o Laboratório Químico Farmacêutico do Exército (LQFEx) aumentou a produção de cloroquina contra covid-19.

O texto foi originalmente publicado em 31 de março de 2020 e já dizia que a fabricação se dava “ainda que permaneçam em fase de estudos para a comprovação de sua segurança e sua eficácia”.

O último registro disponível da matéria no site é de 24 de janeiro, segundo a ferramenta Wayback Machine – banco de dados digital que permite visualizar versões arquivadas de páginas de um website.

Ou seja, o texto ficou exposto no site por pelo menos 299 dias.

Segundo a matéria, a produção da cloroquina foi expandida em 23 de março, dias depois de Bolsonaro anunciar que o remédio seria uma “cura” contra a covid-19.

O aumento na fabricação foi justificado no texto:

“A Cloroquina é usada no Brasil para o tratamento da Artrite, do Lúpus e da Malária e está em falta nas farmácias em virtude da divulgação do seu uso contra o coronavírus, o que exige, a partir de agora, um maior controle na venda desse medicamento”.

O movimento do site do Exército segue o exemplo do Ministério da Saúde, que, às vésperas da CPI da Covid, apagou uma recomendação do uso de cloroquina.

Apesar da tentativa de acabar com as “provas” que podem ser usadas na CPI, o site do Exército ainda mantém no ar pelo menos duas matérias sobre a droga.

Uma delas, de 15 de abril de 2020, comemora que “laboratório químico farmacêutico do Exército é tema de reportagens”.

No texto, o Exército deixa claro que produz a droga:

A produção de reportagens foi motivada pelo período crítico em que vive a nossa sociedade e, principalmente, pelo medicamento Cloroquina ter ganhado destaque nos estudos preliminares, por meio de resultados satisfatórios no enfrentamento da pandemia.

A segunda, de 18 de maio de 2020, anunciou que o Exército “transporta carga de comprimidos de cloroquina para a Secretaria Estadual de Saúde do Acre”.

No texto, anuncia-se que “foram transportados 8 mil comprimidos de cloroquina para abastecer a Secretaria”.

Leia na íntegra a matéria apagada pelo site do Exército:

Rio de Janeiro (RJ) – Após o surgimento de diversos casos da doença respiratória causada pelo coronavírus (COVID-19) na China, o governo brasileiro, preocupado com a proliferação do vírus, vem adotando medidas de preparação e orientação dos serviços de saúde e da população em todo o país.

Considerando o atual cenário de aumento do número de casos de infecção pela COVID-19 em território nacional, combatendo a disseminação do novo vírus e focando na produção de possíveis medicamentos para o tratamento, ainda que permaneçam em fase de estudos para a comprovação de sua segurança e sua eficácia, o Laboratório Químico Farmacêutico do Exército (LQFEx) intensificou a produção do medicamento Cloroquina 150 mg, apoiado pelo Laboratório Farmacêutico da Marinha (LFM) e pelo Laboratório Químico Farmacêutico da Aeronáutica (LAQFA).

O LQFEx, detentor do registro da Cloroquina 150 mg na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), aumentou a sua produção a partir de 23 de março. A Cloroquina é usada no Brasil para o tratamento da Artrite, do Lúpus e da Malária e está em falta nas farmácias em virtude da divulgação do seu uso contra o coronavírus, o que exige, a partir de agora, um maior controle na venda desse medicamento.

Atuando na linha de frente no atendimento à sociedade, o LQFEx trabalha de forma incansável e mantém o lema de pioneirismo, trabalho e desenvolvimento desde sua fundação, em 21 de maio de 1808. O LQFEx é o laboratório farmacêutico mais antigo do Brasil e sempre esteve presente em momentos marcantes da história do país, como a Guerra da Tríplice Aliança (1865-1870) e as 1ª e 2ª Guerras Mundiais, quando colaborou com o suprimento de medicamentos e de material de uso hospitalar, prática que se estende até os dias de hoje.

A pronta resposta à demanda nacional traduz todo o esforço contínuo de uma equipe de profissionais altamente especializados que labuta diariamente para o fornecimento de produtos essenciais para o Exército Brasileiro e para o Brasil. O laboratório produz medicamentos considerados negligenciados e estratégicos para o Sistema Único de Saúde. Dessa forma, o Laboratório Químico Farmacêutico do Exército é uma engrenagem essencial dentro do sistema de saúde brasileiro, trabalhando para a prevenção de doenças e para a continuidade do tratamento prescrito por médicos a milhões de pessoas no país.