A médica Nise Yamaguchi voltou ao noticiário após o diretor da Anvisa, Antônio Barra Torres, dar duas declarações bombásticas na CPI da Covid no Senado: a primeira é de que é contra o tratamento precoce da doença com cloroquina.
A segunda é a confirmação de que teria participado de uma reunião no Palácio do Planalto com Bolsonaro, o então ministro da Saúde, Henrique Mandetta, a médica e um outro profissional do qual não recordou o nome com objetivo de mudar a bula da droga que não tem comprovação científica para o tratamento do coronavírus.
Nise Yamaguchi, que admitiu ter sido expulsa do hospital Albert Einstein, em São Paulo, por causa da defesa intransigente da cloroquina, foi cotada para substituir Mandetta após a saída do médico e ex-deputado do ministério da Saúde.
Em várias oportunidades, defendeu o tratamento precoce.
Chegou a liderar um grupo de profissionais médicos em favor da droga e foi uma das responsáveis por conquistar a flexibilização da legislação do Conselho Federal de Medicina (CFM) para facilitar a prescrição do medicamento, conforme desejo dos médicos e dos pacientes.
Bolsonaro sempre usou os argumentos de Nise para defender o uso da substância em pacientes com o vírus da covid.
Colocou inclusive os laboratórios das Forças Armadas para produzir o remédio para reforçar os estoques.
“[Os médicos] têm obrigação de usar, mesmo de forma preliminar, com o maior controle possível, as medicações que estão disponíveis”, sempre defendeu a profissional, alegando que a medicação é mais efetiva quando usada no início da infecção.
Nise é também é defensora do chamado isolamento vertical, em que só os indivíduos nos grupos de risco da doença se resguardariam.
A estratégia apoiada por Bolsonaro nunca vingou, já que prefeitos e governadores, diante das evidências, optaram pelo isolamento amplo recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e adotado na maioria dos países.