ANVISA desembarca de Bolsonaro? Por Renato Janine Ribeiro

Atualizado em 11 de maio de 2021 às 16:25
Presidente da ANVISA, Antonio Barra Torres, durante coletiva no Palcio do Planalto após encontro com o presidente Jair Bolsonaro, sobre o prazo para análise das das novas vacinas. Torres.Sérgio Lima/Poder360 00.00.0000

Embora faça parte da chamada cota militar no governo, o contra-almirante Barra Torres, que preside a ANVISA, está hoje depondo na CPI da COVID de maneira clarissimamente contrária ao que Bolsonaro preconiza. “A conduta do presidente difere da minha”, disse ele.

Declarou-se contrário a aglomerações, como a de domingo passado, a favor da vacinação e até mesmo afirmou ter reagido duramente à proposta de incluir, por decreto, na bula da cloroquina a indicação de que ela combateria a pandemia.

A firmeza do contra-almirante, que está num cargo governamental, contrasta com a maneira mais complacente de outros chamados a depor. Mas é verdade que a presidência da ANVISA tem mandato. Bolsonaro não pode demitir Barra Torres do cargo.

Mesmo assim, é o primeiro militar a se afastar tão nitidamente das ações e intenções de Bolsonaro, ocupando um posto no governo. Outros se curvaram, como o general Pazuello. Outros, ainda, somente criticaram o presidente depois de sair do governo.

A atitude do contra-almirante marcará uma mudança de posição entre os militares? As investigações da CPI estarão causando preocupações em quem até agora apoiou Bolsonaro? Haverá medo de punições, como parece estar sentindo o general Pazuello?

Vejam a forma dura como o presidente da ANVISA falou (do jornal O Globo):
“Após o relator, senador Renan Calheiros (MDB), ler várias declarações do presidente Jair Bolsonaro contra vacinas e questionar o que Barra Torres achava a respeito, o presidente da Anvisa deixou claro que pensa de forma diferente. E ainda recomendou que a população não siga esse tipo de conduta:
“— Todo o texto que Vossa Excelência leu vai contra tudo o que nós temos preconizado nas nossas manifestações públicas. Então entendemos, que ao contrário do que o senhor acabou de ler, que a política de vacinação é essencial. Temos que vacinar as pessoas. Não é pelo fato de vacinar que vai abrir mão de uso e máscara, distanciamento e álcool em gel.”

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