Por Moisés Mendes:
Saiu a pesquisa DataFolha que dá Lula na frente de uma forma surpreendente. É bom demais. É quase um susto. Mas também exige cautela, muita cautela.
Lula tem 55% contra 32% de Bolsonaro no segundo turno. É um vareio. No primeiro turno, Lula tem 41% e Bolsonaro tem 23%.
Qual é a armadilha da pesquisa? É a mais óbvia. Lula sai batendo no teto, e esse é sempre um problema quando a eleição está muito distante.
Como manter um índice tão alto? O que pode acontecer é que a partir de agora a Folha pode mostrar quedas de Lula. E assim podem ser as próximas pesquisas, sempre com tendência de uma acomodação da posição de Lula em níveis abaixo dessa arrancada e possíveis reações de Bolsonaro para cima.
Vamos torcer para que isso não aconteça, mas é bem provável que o DataFolha tenha jogado Lula lá em cima para vê-lo caindo mais tarde.
Mas claro que vamos comemorar. E ao mesmo tempo ficar atentos às armadilhas da direita. Essa pesquisa pode ser uma delas.
Um efeito imediato é que Bolsonaro e os filhos devem ficar ainda mais desatinados. Hoje, Bolsonaro toma um vidro de cloroquina antes de dormir.
Esse é o texto da Folha sobre a pesquisa:
Em um segundo pelotão, embolados, aparecem o ex-ministro da Justiça Sergio Moro (sem partido), com 7%, o ex-ministro da Integração Ciro Gomes (PDT), com 6%, o apresentador Luciano Huck (sem partido), com 4%, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que obtém 3%, e, empatados com 2%, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) e o empresário João Amoêdo (Novo).
Somados, os adversários de Lula chegam a 47%, apenas seis pontos percentuais a mais do que o petista. Outros 9% disseram que pretendem votar em branco, nulo, ou em nenhum candidato, e 4% se disseram indecisos.
O levantamento foi realizado com 2.071 pessoas, de forma presencial, em 146 municípios, nos dias 11 e 12 de maio. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Num eventual segundo turno contra Bolsonaro, Lula levaria ampla vantagem, com uma margem de 55% a 32%. Ele receberia a maioria dos votos dados a Doria, Ciro e Huck, enquanto o presidente herdaria a maior fatia dos que optam por Moro, seu ex-ministro da Justiça e atual desafeto.
O petista também venceria na segunda etapa contra Moro (53% a 33%) e Doria (57% a 21%).
Já Bolsonaro empataria tecnicamente com Doria, marcando 39%, contra 40% para o tucano. E perderia para Ciro, obtendo 36%, contra 48% para o pedetista.
SURPRESAS
Duas conclusões surpreendentes da pesquisa do DataFolha. Lula tem 36% de rejeição. Bolsonaro tem 54%. A surpresa é a baixa rejeição de Lula.
Mas esses dados a seguir são a grande surpresa. Entre os evangélicos, Bolsonaro tem 34%, e Lula chega a 35% das intenções de voto. Poucos imaginariam que Lula poderia vencer Bolsonaro entre os evangélicos.