Nessa semana viralizou nas redes uma discussão envolvendo os comentaristas Paulo Vinícius Coelho e Walter Casagrande Junior. Nela, ficou nítida a insatisfação do ex-jogador com a postura do colega, que sempre apresentava um novo argumento a cada colocação feita por ele.

Fazendo um esboço de teorização sobre o assunto, talvez caiba trazer à baila um conceito que vem permeando os debates, principalmente no campo progressista: o lugar de fala.

Valendo-se da definição de Djamila Ribeiro,  tem-se que “o lugar que ocupamos socialmente nos faz ter experiências distintas e outras perspectivas”.

ENTENDA A POLÊMICA:

VÍDEO – Casagrande passa sabão no falastrão PVC ao vivo: “Sempre tem uma resposta”

No caso, temos um respeitado ex-atleta, com uma história vitoriosa em campo e com experiência nos microfones, com mais de 15 anos como comentarista em emissoras como a ESPN e a TV Globo

Do outro lado, o jornalista Paulo Vinícius Coelho: goste-se ou não, é inegável dizer que se trata de um estudioso do futebol, tanto de sua história quanto de seus números e de sua parte tática.

Não é exagerado imaginar que na infância, o tempo em que Casão passava correndo atrás da bola, Paulo Vinícius passava em casa, devorando as edições da Revista Placar que caiam em suas mãos.

Ficou clara no episódio dessa semana a diferença entre ambos. Durante um jogo – e quem já vestiu uma chuteira na vida sabe disso – um palavrão resolve o que um debate não resolveria. PVC, por sua vez, como intelectual da bola, prefere o caminho da argumentação. Não foi outra a razão da polêmica: onde Casagrande via um debate encerrado, o jornalista via a possibilidade de encetar um novo argumento.

Não é a primeira vez que Coelho se indispõe com um ex-atleta. Na Fox, ele teve uma discussão no ar com Edmundo (que, aliás, foi citado por Casagrande durante a contenda dessa semana) por causas similares.

É possível que caiba o mesmo raciocínio tanto a PVC quanto aos ex-jogadores que já o confrontaram: “Quem ele pensa que é para achar que conhece mais de futebol do que eu?”. Enquanto o primeiro fundamenta sua resposta em uma vida de estudos sobre o tema, o outro relembra dos jogos, gols e títulos conquistados.

Da mesma forma que não seria justo cobrar algo que pode ser chamado de ‘erudição futebolística’ de um ex-jogador, não é correto exigir de PVC a visão que apenas quem jogou profissionalmente tem.