Novo estudo de Didier Raoult separa pacientes de forma arbitrária para obter resultado favorável à cloroquina

Atualizado em 6 de junho de 2021 às 21:51
Didier Raoult

O médico francês Didier Raoult, o “DJ Raul” segundo o senador Heinze, fez mais uma presepada.

Quem denuncia é a microbiologista holandesa e consultora de integridade científica Elizabeth Bik.

O especialista em doenças infecciosas elogiou novamente a hidroxicloroquina no tratamento de COVID-19 com base nos resultados de seu novo estudo.

Ele testou 10 mil pacientes em regime ambulatorial. A mortalidade foi baixa, segundo o diretor do Institut hospitalier universitaire (IHU) Méditerranée Infection, em Marselha.

A equipe de pesquisa estava tentando determinar se um tratamento baseado em hidroxicloroquina e azitromicina pode reduzir a mortalidade em pessoas infectadas.

Essa combinação de drogas é apelidada de “protocolo Raoult” (o “kit covid” deles).

Dezesseis pessoas morreram, das quais apenas cinco foram tratadas de acordo com o protocolo Raoult. Nenhum dos falecidos tinha menos de 60 anos.

O estudo não foi randomizado. Em outras palavras, os pacientes não foram colocados aleatoriamente em um grupo controle (ou placebo) e em um grupo experimental, prática empregada para reduzir o potencial viés em um estudo.

A proporção de pacientes com 70 anos ou mais — faixa etária com maior risco de consequências graves para COVID-19 – é significativamente maior no grupo não tratado com o protocolo Raoult, ou seja, 11,2% contra 5,9%.

Recentemente, o picareta Raoult foi demolido pelo jornalista francês Patrick Cohen no programa “C à Vous”, da emissora de televisão France 5.

“Ele colocou a ciência em desordem e a opinião pública em confusão, acusando seus contraditores de serem corruptos”, disse Cohen.