A oposição vai explorar o caso Petrobras ao máximo para ver se consegue abalar o que parece ser uma segura caminhada de Dilma rumo ao segundo mandato. É do jogo. O PT faria o mesmo se as posições estivessem invertidas. A única diferença, aqui, é que a mídia pouparia seus amigos, se fosse o PSDB no poder. Mas quem acredita que o caso pode ser a bala de prata contra Dilma acredita, como disse Wellington, em tudo. Dilma balançou em junho, quando as ruas gritaram sua insatisfação. Mas em sua extrema fraqueza a oposição não conseguiu capitalizar nada. Quase um ano depois, Dilma, como mostram as pesquisas, andou para a frente. Os candidatos da oposição, em compensação, se movimentaram como caranguejos. O último Ibope mostra isso. Aécio, depois de implorar um papo com os brasileiros, teve um choque de realidade: ninguém está interessado em sua conversa mole. Eduardo Campos saiu do nada, quando se declarou candidato, para chegar a menos que nada, às vésperas da campanha. Pelos últimos resultados, será difícil ele evitar a pressão para que a cabeça de chapa do PSB seja Marina. Uma votação vergonhosa em 2014 pode comprometer seu futuro, e ele é relativamente jovem. Marina 2014 é menos interessante que a versão de 2010. A aura verde e moderna de então foi, em parte, substituída pela carolagem evangélica retrógrada de agora. Fora isso, Marina continua com uma extrema dificuldade em se manifestar com clareza, e isso vai virando motivo de piada. Seu programatismo é anedótico, confrontado com o pragmatismo que ela – acertadamente — atribui ao PT. Se havia em junho alguma expectativa de que ela poderia sair realmente forte e competitiva dos protestos, nove meses depois sabe-se que isso simplesmente não ocorreu. Marina, para os manifestantes, é mais do mesmo. Tudo isso considerado, é vital que o episódio da Petrobras seja cabalmente esclarecido. O Brasil precisa, no Congresso e não só nele, de um choque de transparência. A falta de transparência leva as informações relevantes a ficarem em poucas mãos no Congresso, e isso facilita chantagens como a promovida pelo Blocão. É triste constatar isso, mas se os desejos dos integrantes do Blocão tivessem sido saciados, não saberíamos que a Petrobras fez uma compra tão desastrada em Pasadena, Texas. Alguma coisa funcionou terrivelmente mal na análise do negócio, e a sociedade tem que saber, nos detalhes, o que foi. Mas imaginar que o caso vai ressuscitar candidaturas mortas em vida, como a de Aécio e a de Campos, pertence, definitivamente, à categoria de coisas consagrada por Wellington. Quem acredita nelas acredita em tudo.