Algumas informações levantadas pela CPMI das Fake News e pelo DFRLab, organização forense digital que tem parceria com o Facebook, sugerem a participação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) no comando do gabinete do ódio do governo Bolsonaro. Mas há novidades sobre esses dados.
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E essas informações novas se conectam com o inquérito da Polícia Federal sobre atos antidemocráticos, cujo sigilo foi parcialmente removido neste mês.
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Dois dos então assessores parlamentares de Eduardo foram identificados como donos de contas ligadas à estrutura de desinformação e ataques a adversários políticos. Essa informação foi referendada pela PF. E uma novidade trazida pelo inquérito submetido ao STF (Supremo Tribunal Federal) envolve o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ).
Investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro no caso das rachadinhas, o assessor parlamentar Fernando Nascimento Pessoa, hoje nomeado no gabinete do filho 01 do presidente no Senado, foi identificado como o dono de seis contas ligadas à rede de desinformação bolsonarista, todas derrubadas pelo Facebook por comportamento inautêntico. Funcionários de Eduardo e Flávio Bolsonaro assim como o trio de assessores da Presidência da República compõem o que a PF chama de núcleo de Brasília.
De acordo com os investigadores, há indícios de que a exclusão dessas contas pelo Facebook tem como motivo justamente o seu uso coordenado pelo governo do presidente Jair Bolsonaro. “Ao que tudo indica, as contas objeto desta análise, removidas pelo Facebook de suas redes sociais, se enquadram na tipologia ‘Operações executadas por um governo para atingir seus próprios cidadãos. Isso pode ser particularmente preocupante quando combinam técnicas enganosas com o poder de um Estado'”, diz o relatório da PF.
As investigações conectam tanto os filhos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) quanto ramificações dessa rede de ódio em assessores lotados em estados. Isso foi notado no caso do Rio de Janeiro, onde um casal de criadores de conteúdo, Vanessa Navarro e Leonardo Rodrigues, mantinha páginas bolsonaristas enquanto estavam nomeados nos gabinetes dos deputados estaduais Anderson Moraes e Alana Passos, ambos do PSL.
Essas páginas foram removidas pelo Facebook em julho de 2020.
Vanessa continua como funcionária comissionada no gabinete de Anderson, enquanto Leonardo foi exonerado em abril de 2020. Há também um outro núcleo ligado a políticos bolsonaristas em São Paulo, mas até aqui a PF não obteve tantos elementos quanto no caso dos políticos fluminenses.
Na CPMI das Fake News, a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) listou ainda seis deputados federais, dois deputados estaduais, dois deputados estaduais de São Paulo e uma de Santa Catarina como supostos integrantes do que chamou de milícia virtual. Alguns deles foram ouvidos pela PF no inquérito, mas não constam até o momento elementos sobre sua efetiva participação.
Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro não falam publicamente sobre o assunto. Em depoimento à PF, Eduardo afirmou que “nunca orientou, determinou ou estimulou a atuação deles [seus assessores] em redes sociais e que qualquer tipo de atuação não possui vínculo com o gabinete”.
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Carlos Bolsonaro negou aos interrogadores participar da “produção, publicação ou difusão de material falsos ou que veicule informações contra os chefes de poderes ou contra as instituições do Estado Democrático de Direito”. Também disse não ter nenhuma participação na elaboração da estratégia de comunicação do governo federal.
A deputada estadual Alana Passos afirmou que Leonardo Rodrigues cuidava de suas redes sociais e que “ele tinha bastante trabalho, como todos podem ver pelo volume de publicações”. Mas disse não ter como afirmar se ele usava a estrutura do gabinete para administrar as contas citadas pela PF, definidas por ela como “páginas pessoais”. Alana também nega uma suposta participação no grupo coordenado pelo “gabinete do ódio”. “Tenho muito respeito pela democracia, e nunca iria atacar ou pedir para atacar qualquer instituição.”
Assessores da Presidência da República Tercio, José Matheus e Mateus Diniz, apontados como integrantes do “gabinete do ódio”, negaram em depoimento envolvimento no suposto esquema. Já o deputado estadual Anderson Moraes não respondeu às acusações.
Com informações da reportagem do UOL.