Originalmente publicado no BLOG DO JEFERSON MIOLA
Por Jeferson Miola
O ex-sócio político do clã Bolsonaro e ex-governador do Rio Wilson Witzel deixou um suspense no ar da CPI.
Ele prometeu aos senadores que, numa sessão secreta da Comissão, poderá fazer revelações comprometedoras sobre o que os Bolsonaro fizeram no verão passado.
Em coletiva após o depoimento Witzel afirmou, sugestivamente, que a partir do dia que a Polícia Civil prendeu os executores do assassinato da vereadora Marielle, “o presidente não falou mais comigo”.
Witzel não perdeu a oportunidade de registrar que os assassinos da Marielle “moravam no condomínio do presidente”. Na realidade, o vizinho dos Bolsonaro no Vivendas da Barra era Ronnie Lessa, com quem foram encontrados 117 fuzis em outro endereço na cidade do Rio. Élcio Queiroz, comparsa de Ronnie e também integrante da milícia especializada em assassinos de aluguel, residia em outro local.
Conforme Witzel, “A investigação [do assassinato da Marielle] começa durante a intervenção”. Ele se referia à intervenção federal no estado do Rio, chefiada pelo general Braga Netto, atual ministro da Defesa.
Segundo reportou o jornalista Humberto Trezzi/Zero Hora, na época da intervenção “o Exército conseguiu usufruir dos bancos de dados das polícias Civil e Militar fluminenses e também montou um mapa das ações criminais no Rio. Isso vale tanto para facções criminais convencionais (Comando Vermelho, Amigos dos Amigos e Primeiro Comando) como para as milícias paramilitares formadas por ex-policiais”.
O jornalista registra que “Não à toa, Braga Netto ganhou dos amigos a reputação de ter o CPF, nome e endereço de cada miliciano no Rio”.
Seria tolice, portanto, imaginar-se que Braga Netto nada soubesse justamente sobre o Escritório do Crime, sobre Rio das Pedras e a respeito de Adriano da Nóbrega, Ronnie Lessa, Fabrício Queiroz etc e acerca do vínculo dos Bolsonaro com as milícias e com o submundo do crime.
Braga Netto é um expoente do governo militar e, possivelmente, aquele que guarda segredos valiosos para serem usados oportunamente, quando da definição do destino do Bolsonaro à luz das conveniências do partido dos generais.
Na guerra de vingança contra seu ex-sócio político, Witzel poderá surpreender e revelar os segredos e os crimes do clã Bolsonaro que o general Braga Netto protege e esconde.