Publicado originalmente em O Tijolaço
Por Fernando Brito
Mais uma pesquisa – do Ipec, formada pela equipe do extinto Ibope – mostra o que todo mundo sente: o bolsonarismo está minguando, embora resista como a maior e talvez única força orgânica de direita, pela dissolução dos partido que historicamente a representavam: o PSDB e o Dem.
A diferença, no meu entender, é que a oposição a ele se torna cada vez mais resoluta e talvez seja isso o que explique que a classificação de seu desempenho como ruim/péssimo cresça numa velocidade maior que a desconfiança, esta mais antiga, embora também esta suba forte.
É mais que natural que a rejeição, à medida em que se aproxima o processo eleitoral – afinal, um voto de confiança – caminhe para coincidir com o percentual de desconfiança que a pesquisa exibe, hoje chegando perto dos 70%.
O processo de radicalização antibolsonarista – e é difícil que ele possa ter um “pacote de bondades” que seja capaz de revertê-lo – e a incapacidade da centro-direita de parir um candidato viável para a tal terceira via vão despejando água no moinho de Lula.
Não sei se há um “segundo capítulo” da pesquisa com intenções de votos mas, se houver, não há dúvida que revelará um cenário onde o favoritismo de Lula vai esboçando uma decisão em primeiro turno.
E isso é mais uma alavanca para impulsionar a conquista de votos: dar-lhe o voto é a possibilidade real, concreta, visível a qualquer um para derrotar Bolsonaro.
A verdade é que a grande maioria não suporta mais a presença de Bolsonaro no governo e, para tirá-lo, passa por cima das restrições que criou a ele no longo processo lavajatista.
Engana-se que ele encarnará o “perseguido” – o que poderia perfeitamente fazer depois dos 580 dias de prisão.
O seu papel é o de “normalizador da Pátria”, para um país ansioso por ter de novo um governo, e não um alucinado no comando do país.