Em julho de 2018, Eduardo Bolsonaro apresentou ao país, num blefe, um cabo imaginário que, com um soldado, e sem precisar de um jipe, poderia fechar o Supremo.
Temos hoje um personagem improvável. Paulo Dominghetti Pereira, o representante da Davati Medical, é cabo da Polícia Militar de Minas.
Temos um cabo real, sem jipe, saído não se sabe de onde, com uma denúncia de propina, que parecia contribuir para a queda de Bolsonaro e que na CPI atira agora na direção dos irmãos Miranda, acusados por ele de serem atravessadores de vacina.
Dominghetti pode estar a serviço de Bolsonaro, para desqualificar a denúncia dos irmãos Miranda e provocar uma grande confusão na CPI? Ou chegamos à guerra de facções das máfias da vacina?
A tática pode ser esta. O cabo atira nos pedintes de propina, atinge todos os que estiverem por perto, mas livra Bolsonaro.
Bolsonaro transfere culpas para os indicados por Ricardo Barros, fere alguns coronéis de Pazuello, mas sai livre. E ainda desmonta a reputação dos irmãos Miranda.
Claro que todo o Congresso sabe que o deputado Luís Miranda não é santo. É um delator, e não há santos entre delatores.
Mas agora o cabo tenta comprometer o irmão do deputado, o servidor Luis Ricardo Miranda, nos rolos das compras de vacina.
O cabo mineiro atraiu até Flavio Bolsonaro para a sala da CPI. A tropa de choque da extrema direita está alvoraçada.
Alguém acreditava que um cabo da PM poderia conspirar contra Bolsonaro?
O governo pode estar começando a reagir. Dominghetti levou o cavalo, a boiada e a cachorrada de Tróia para dentro da CPI. Vem aí a grande batalha dos milicianos da vacina.