O diretor Mauro Lima, nacionalmente conhecido por filmes como “Tim Maia”, “Ó Paí, Ó” e “João, o Maestro”, levou às telas o filme “Meu Nome não é Jonhhy”, baseado em um livro do escritor bolsonarista Guilherme Fiúza.
Se a o velho ditado “diga-me com quem andas que te direi quem és” for válido, nada pode definir mais quem é Guilherme Fiúza hoje em dia do que seus parceiros em um novo projeto no YouTube. O Relevante News reúne ele, Rodrigo Constantino, Ana Paula Henkel e Luis Ernesto Lacombe.
Mas nem sempre foi assim.
O diretor de cinema falou com o DCM sobre como foi a convivência com Fiúza em 2008, quando a fita foi lançada.
Era a cinebiografia de João Guilherme Estrella, um jovem da classe média carioca que se torna o rei do tráfico de drogas na região nobre da cidade. Interpretado por Selton Mello, era um jovem inteligente que passou a ser investigado pela polícia.
Vale relembrar que naquele tempo a economia brasileira ia bem, Lula estava no meio de seu segundo mandato e a política ainda era um assunto que só despertava paixões (sem tantos ódios) às vésperas das eleições.
DCM: O sr teve bastante contato com o Guilherme Fiúza?
Mauro Lima: Não muito, mas convivi um pouco. Um sujeito ótimo. Simpático, de boa conversa. Agradável. Vivíamos felizes e não se falava muito de política.
Como o definiria politicamente na época?
Pra mim, ele poderia ser um cara, digamos, esquerda do PSDB. Até escreveu um livro bem tucanólatra depois sobre o Plano Real. Eu nunca poderia imaginar que viraria essa figura que vemos aí… Jamais imaginei que ele pudesse se tornar essa pessoa bolsonarista.
O que pode ter tornado ele esse assim?
O fascismo morava embaixo das asas pretas do tucano. É curioso, porque ele era antipunitivista no que diz respeito a drogas, inclusive ao caso do João, que foi preso por tráfico. De repente, vira bolsominion e antes foi lavajatista, morista, sei lá o quê… Era um cara legal e que eu gostava de encontrar. Depois comecei a ver umas colunas dele, em O Globo, que atacavam a Dilma, meio como um genérico de Mainardi.
Essas pessoas que se converteram ao bolsonarismo nesse grau, tem recuperação?
Acho difícil. Ele foi longe demais na defesa do indefensável.