Publicado originalmente no NIT (New In Town):
Ese a nossa vida passasse a ser dividida entre quatro dias a trabalhar e três de descanso? Entre 2015 e 2019, a Câmara Municipal de Reiquejavique e o governo islandês juntaram-se aos sindicatos de trabalhadores para testarem semanas de trabalho com menos horas (e dias). O resultado foi um enorme sucesso, não só para os trabalhadores, mas também para os patrões e gerentes. As conclusões desta experiência mostram que as pessoas que trabalharam menos horas passaram a sentir-se mais felizes, mas também mais produtivos.
Os resultados do estudo que abrangeu 2.500 trabalhadores de diferentes áreas, como escritórios, jardins de infância, hospitais e serviços sociais, foram revelados esta segunda-feira, dia 5 de julho. Aqueles que trabalhavam das 9 às 5 de segunda a sexta-feira passaram a ter apenas quatro dias de trabalho. Os trabalhadores cuja função é feita por turnos, trabalharam menos horas semanalmente. Já o salário, manteve-se igual.
“Os resultados são imensamente positivos. Trabalhadores de diferentes áreas do setor público estão incrivelmente felizes com o novo balanço entre a vida pessoal e o trabalho, passando mais tempo com a família, fazendo mais atividades extracurriculares — como andar de bicicleta, ter novos passatempos, e por aí adiante”, revela o investigador Will Stronge a meios como a BBC e a CBC.
Stronge é o co-diretor do laboratório de ideias britânico “Autonomy”, que juntou dados do teste, juntamente com a Associação Para Uma Democracia Sustentável da Islândia. Num relatório conjunto, entre ambas as organizações, lançado em junho de 2021, foi revelado que os empregados mostraram “um maior bem-estar, melhoraram a relação vida-trabalho e tinham um maior espírito de cooperação no trabalho — tudo isto enquanto mantinham os padrões existentes de desempenho e produtividade.”
Mas as melhorias não se fizeram sentir só nos trabalhadores. Também os patrões foram beneficiados, visto que afirmaram ter uma maior produtividade. Segundo Stronge, isto acontece porque os trabalhadores estavam menos suscetíveis a ter problemas relacionados com o trabalho, como stress, esgotamentos, ansiedade e depressão.
Após o sucesso deste teste-piloto, já vários sindicatos começaram a pedir menos horas de trabalho. Segundo os investigadores responsáveis pelo relatório, 86 por cento da força de trabalho islandesa tem agora menos horas de trabalho (ou terão brevemente), pelo mesmo salário.
Este estudo vem reforçar a ideia que semanas de trabalho menores são um benefício para todos, e tal já tinha sido comprovado noutros países. A Microsoft do Japão, por exemplo, também testou semanas de trabalho de quatro dias em 2019, e revelaram ter um aumento de 40 por cento na sua produtividade. Também uma empresa da Nova Zelândia o fez, em 2018, contando com um aumento de produtividade de 20 por cento.
Atualmente, a Espanha também está a testar estas semanas menores, em parte graças à pandemia. Os benefícios destas semanas menores começam-se a acumular, com um relatório de uma plataforma britânica a afirmar que semanas de quatro dias de trabalho poderiam reduzir a pegada de carbono no território.