O Buda tinha o seguinte método de se livrar de um desejo sexual inoportuno. Imaginava a mulher excitante que o provocava sexualmente como uma velhota, uma Sophia Loren aos 75 parecida com o Cauby. Envelhecia-a. Podia até transformá-la mentalmente num cadáver putrefato, como aqueles que você vê em filme de terror, carne se descolando do osso num espetáculo, para usar palavras de Euclides, truanesco e pavoroso.
Acabou.
É um bom método, a não ser pelo detalhe de que nem todo mundo tem a força mental do Buda.
O viciado em sexo, ou a viciada, tem mecanismos mentais opostos aos do Buda. O cara vê uma mulher e, em vez de pensar em algo que lhe subtraia o apelo, imagina-a nua, lânguida a seu dispor. A viciada faz o mesmo.
Quanto a mim, não, não sou viciado, embora coloque o sexo na mesma lista sagrada de delícias como o Nescau e a música dos Beatles na primeira fase, a da franja e dos risos. Mesmo sem ser o Buda, recorro quando necessário à mesma artimanha adotada por ele.
Quase sempre funciona.