No início do mês, um dia após a divulgação de nota das forças militares tentando intimidar o senador Omar Aziz, presidente da CPI da Covid, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Almeida Baptista Junior, subiu o tom da ameaça afirmando que não haveria outras 50 notas. Melhor dizendo: o recado estava dado e ponto final.
Foi devidamente enquadrado não por uma autoridade do senado ou do Supremo Tribunal Federal, mas por um jovem civil.
“Vai ameaçar a puta que pariu, babaca”, disse o youtuber Felipe Neto. “Tome vergonha nessa tua cara e lembre-se que trabalha pra gente, não o contrário”.
Silêncio na caserna.
O brigadeiro não deu um pio.
A pseudo integridade dos militares no governo foi derretendo como picolé em tarde de sol escaldante e a CPI seguiu seu rumo normalmente como se nada tivesse acontecido.
Agora se descobre que a bravata de Carlos Almeida Baptista Junior tinha um objetivo maior: ameaçar as instituições e a democracia também com a conversa mole do voto impresso.
Naquele mesmo dia o ministro da Defesa, Braga Netto, em nome das 3 forças, havia mandado um recado ao presidente da Câmara, Arthur Neto: sem voto impresso não teremos eleição no ano que vem.
Até a descoberta dessa ameaça covarde, a tese do voto impresso por conta de desconfiança da urna eletrônica nunca tinha passado de um diversionismo de Bolsonaro.
É vista como tática do capitão para desviar a atenção toda vez que seu governo é flagrado em irregularidades.
A tal ponto que virou motivo de piada.
Gilmar Mendes usou Hélio Negão, o negro de estimação que Bolsonaro usa para disfarçar seu racismo, como figura de retórica.
“A eleição dele é prova suficiente de que a urna eletrônica não é fraudada”, disse o ministro do STF.
Seja como for, a bravata de Braga Netto já caiu no casuísmo.
Sobre a ameaça de impedir as eleições em 2022, o ator José de Abreu comentou em sua página no Twitter: ‘Tô louco para ver esse golpe’.
Felipe Netto ainda não se manifestou, mas fica valendo sua célebre frase, agora dirigida ao ministro da Defesa de Bolsonaro.
“Vai ameaçar a puta que pariu, babaca”.
A propósito: o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, já se posicionou contra a aprovação da volta do voto impresso.
Segundo ele, as urnas eletrônicas são seguras.