Publicado no Blog do Moisés Mendes
Braga Netto mandou o recado do golpe a Arthur Lira, para que Lira passasse o aviso do golpe adiante. Se não fosse assim, não teria sentido mandar o recado.
Era preciso que muitos deputados e senadores ficassem sabendo da ameaça, e não só os membros da comissão especial que examina a proposta de emenda do voto impresso na Câmara.
Como muitos receberam o aviso e era sabido que alguém iria vazar a ameaça, não há agora como negá-la. A nota de Braga Netto em que diz que não disse nada a Lira também acaba não dizendo nada.
A notícia da ameaça (se não tiver voto impresso, não tem eleição) saiu no Estadão. Se não tivesse mandado o recado, o general diria categoricamente que era uma mentira e que iria exigir provas do jornal.
Ao chegar para trabalhar, Braga disse aos jornalistas que a notícia era uma invenção. Na nota, disse que se tratava de desinformação.
Não usou as palavras inverdade ou mentira. Ficou no meio do caminho, e o Estadão reafirmou: o que publicou sobre a ameaça de golpe era mantido. O jornal mandava outro recado ao general: nós sabemos que o aviso existiu.
O recado é uma prova de amadorismo de articuladores de golpes que são, na verdade, blefadores há quase dois anos. Braga Netto foi longe demais e acabou sendo desmascarado pelo que parecia improvável.
O jornal que denunciou sua manobra ainda é o conservador jornal brasileiro. É ultraconservador, é reacionário. O Estadão foi golpista em 64 e foi golpista em 2016 e só não é bolsonarista porque Bolsonaro declarou guerra a toda a grande imprensa.
O Estadão e o Centrão desmascararam, com o vazamento da ameaça, o golpe de um trapalhão. É quase certo que Braga Netto, o mais fiel dos militares, cumpriu uma missão de Bolsonaro.
Bolsonaro o incumbiu de mandar a advertência ao presidente da Câmara, para que esse se encarregasse de espalhar no Centrão. E o Centrão devolveu a granada sem pino ao colo do general.
Bolsonaro blefa, Augusto Heleno já blefou e Braga Netto vem blefando. O que pode sobrar dos blefes é que todos se tornarão inconfiáveis para possíveis golpistas que ainda acreditavam no que eles diziam.