Já não somos o bordel dos americanos

Atualizado em 21 de abril de 2012 às 8:09

 

Dania Suarez

Você pode fazer qualquer coisa com uma prostituta, ou trabalhadora sexual, para usar a linguagem politicamente correta – exceto beijar ou, pior ainda, não pagar.

Mas parece que não avisaram um agente do serviço secreto de proteção a Obama, ou Obush, como você preferir. Quem não ficou nada feliz com isso foi a colombiana Dania Suarez, 24 anos, mãe solteira de uma criança de nove – uma morena, como escreveu Raymond Chandler, de fazer padre chutar poste.

Num episódio que ganhou manchetes em todo o mundo, e contribuiu para jogar ainda mais para baixo a reputação dos Estados Unidos, Dania passou uma noite com um agente americano que fazia parte do time que fora a Cartagena, na Colômbia, para cuidar da segurança de Obama, ou Obush. Obush, ou Obama, participaria de um congresso de líderes das Américas.

Eram vinte agentes, e eles chamaram ao hotel em que estavam vinte prostitutas de luxo, uma mercadoria farta em Cartagena.  Dania deu azar. O homem que a escolheu não quis pagar, na manhã seguinte. Dania fez escândalo, e o cliente deu a ela migalhas: o equivalente em pesos a 30 dólares. O combinado era, segundo o New York Times, 800.

Dania chamou a polícia – com a coragem que a ignorância traz: ela não sabia que estava diante de um funcionário importante do governo americano. Perito em matar, para complicar. Para encurtar, ela recebeu mais que os 30 dólares. Quanto ao agente, ele e o time se viram em encrenca pesada quando o assunto se tornou público. Algumas demissões já foram feitas, e o cliente de Dania foi a primeira delas. A noite com a exuberante colombiana acabou lhe custando não algumas centenas de dólares, como tinha sido acordado — mas a carreira.

Dania virou uma celebridade internacional depois que um tablóide de Nova York publicou fotos suas e deu seu nome. A um jornalista do NYTimes, ela disse que é escorte, não prostituta. A explicação foi tão ruim que acabou sendo brilhante. “São coisas iguais, mas diferentes”, disse ela. “É como um celular qualquer ou um iPhone.”

Clap, clap, clap.

Aplausos. De pé. Standing ovation, como dizem por aqui.

À sua maneira, com suas belas armas, Dania mostrou ao mundo que a América Latina já não é o bordel dos Estados Unidos.

Tomates, em compensação, para o agente avarento. Ou melhor. Uma premiação. É dele, com todos os méritos, o já tradicional prêmio outorgado pelo Diário: a Pataquada da Semana. Alguém disse que o rei da Espanha é que deveria ser o escolhido depois de caçar elefantes enquanto seus compatriotas caçam desesperadamente um emprego? Bom ponto. Ficamos assim: é um prêmio compartilhado.