“Agora entendi por que os jogadores do Real detestavam Mourinho”: um artigo de Scott Moore

Atualizado em 19 de novembro de 2014 às 16:16
The One
The One

 

Ladies & Gentlemen:

Fazia tempo que eu não via uma canalhice tão grande quanto a de Mourinho, The One. Numa entrevista, ele conseguiu atribuir a culpa da eliminação do Chelsea ao atacante belga Hazard.

Hazard, disse Mourinho, não se sacrifica pelo time, seja o que isso signifique. Hazard tinha que ajudar na defesa. Se fizesse isso, disse Mourinho, o Atletico de Madrid não teria feito o gol de empate na partida em que, em pleno Stamford Bridge, o Chelsea acabou eliminado.

Na coletiva, um jornalista fez uma pergunta boa, mas não ótima. Ele quis saber de Mourinho se já dissera aquilo a Hazard. Mourinho disse que vem dizendo isso desde que chegou ao Chelsea.

Faltou a seguinte questão: e então por que você o escalou numa partida tão importante?

No banco, estavam grandes jogadores, entre os quais o brasileiro Oscar.

Boss me ensinou a palavra certa, em português, para este tipo de coisa. Pataquada.

Mourinho simplesmente terceirizou a culpa para o pobre Hazard, um jogador brilhante, aliás.

Assim eu entendo por que os jogadores do Real Madri pareciam detestar Mourinho.

Em sua pressa de passar para Hazard a responsabilidade, Mourinho não percebeu que na verdade ele estava atribuindo a si mesmo a culpa pelo naufrágio.

Suponho que o cartola Roman Abramovic fará a Mourinho a pergunta que nenhum jornalista fez: por que escalou Hazard, se ele não se sacrifica pelo time?

O problema do Chelsea, de resto, é outro: uma dificuldade monstruosa em fazer gols. Boss diz que é o Corinthians de Londres.

Nas duas partidas contra o Atlético de Madri, o Chelsea não criou nada. Fez um e apenas um gol.

Uma equipe tão cara e jogos tão feios: alguma coisa está errada, e suponho que seja Mourinho.

Comentei com Boss a fala de Mourinho. E ele me disse que no Brasil aconteceu outra pataquada notável.

O presidente do Atlético Mineiro, um certo Kalil, me disse ele, depois da derrota que eliminou o time na Libertadores, se autoconcedeu o título de Rei do Galo (Nota da Tradutora: King of the Cock, em menção ao apelido do Atlético.)

Ele disse que manda embora quem quiser, contrata quem quiser, muda o que quiser.

Um momento: é assim que as coisas funcionam no futebol brasileiro? O técnico é figurativo?

Em plena derrota que deveria dar-lhe ares de humildade, ele vestiu trajes de Rei.

Os jogadores, hoje, sabemos todos, são mercenários. Os salários são maiores do que o talento. São raros os craques, comparados a outras épocas.

Mas de certa forma tenho pena destes mercenários ao ver o tipo de gente – treinadores e dirigentes – com o qual eles trabalham.

Sincerely.

Scott

Tradução: Erika Kazumi Nakamura