Colunista da Folha critica Narloch, que voltou ao jornal, e o chama de “linha auxiliar do bolsolavismo”

Atualizado em 22 de agosto de 2021 às 11:26
Reinaldo José Lopes e Leandro Narloch. Foto: Reprodução/Twitter

O jornalista de ciência Reinaldo José Lopes, especializado em biologia e arqueologia (além de ser tradutor da série de livros de ficção O Senhor dos Anéis), publicou uma coluna na Folha de S.Paulo neste domingo (22) detonando o também colunista Leandro Narloch, que retornou à publicação.

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Reinaldo versus Narloch

Escreve Reinaldo José Lopes:

“Sim, gentil leitor, eu também fiquei mortificado ao saber da volta do colega Leandro Narloch ao rol de colunistas desta Folha. Considero inegável que os livros e textos dele tenham ajudado a envenenar o debate público brasileiro. O narlochismo não passa de linha auxiliar do bolsolavismo.

A questão é que existe método no conjunto da obra do escriba curitibano. Seja falando dos indígenas do Brasil, de Zumbi dos Palmares, das glórias do liberalismo econômico ou da crise do clima, as especialidades de Narloch são:

1) Pegar uma vírgula e transformá-la numa página inteira. Para ele não importa o contexto dos fatos, apenas detalhes levemente dissonantes (e, em geral, pouco relevantes) que lhe permitam dizer “A-há, eis o que estavam escondendo de você, leitor”;

2) Usar e abusar do que se chama evidência anedótica: o que Fulano ou Sicrano viram uma ou duas vezes é algo que, para ele, tem o mesmo peso de anos de observações cuidadosamente controladas e análises estatísticas;

3) Pura incapacidade de interpretar temas complexos que aparentemente ele não domina”.

Ele então desenvolve seu argumento:

“Quando fala sobre a questão indígena, Narloch também adora usar o item 2, repetindo histórias sobre silvícolas malvados vendendo macaquinhos para turistas na beira da estrada. Isso seria um indicativo de como se deve relativizar a suposta boa relação entre os nativos e os ecossistemas naturais.

Ainda que cada BR deste país estivesse coalhada de guaranis fazendo liquidação de micos-leões, porém, isso não anularia o fato, comprovado por incontáveis dados de satélite e trabalho de campo, de que reservas indígenas são os principais baluartes contra o desmatamento, tanto aqui quanto em outros países. Curiosamente, eis um dado que ele não costuma mencionar com o mesmo entusiasmo.

Mas a obra máxima do narlochismo foi a tentativa de argumentar, com base no DNA, que os indígenas de 1500 foram tranquilamente integrados na sociedade colonial. Afinal, o genoma dos brasileiros carrega uma porcentagem apreciável de material genético ameríndio”.

E conclui:

“Aproveitando a temporada de mea culpa, Narloch podia fazer o seu. Cada cascata vinda de sua pena virou justificativa intelectual para que a súcia hoje no comando do país esteja fazendo o que faz”. ​

Reinaldo José Lopes e Leandro Narloch. Foto: Reprodução/Twitter

Antonio Prata também criticou Narloch

Há uma semana, o cronista Antonio Prata também fez uma crítica similar ao negacionista histórico Narloch.