“Vive la gauche!”

Atualizado em 13 de junho de 2013 às 17:20
Hollande

 

De Paris

A França fica melhor sem Nicolas Sarkozy e com François Hollande.

Sarkozy, na economia, não fez simplesmente nada. Chegou ao poder em 2007 com uma plataforma thatcherista – ou neoliberal — que um ano depois, na grande crise financeira de 2008, mostraria sua monumental capacidade de levar ao abismo. O projeto econômico de Sarkozy fracassou mundialmente antes que ele tivesse esquentado a cadeira no Palácio dos Campos Elíseos.

Dali para a frente, ele deslocou o foco para um populismo de direita que dividiria os franceses. A grande comunidade muçulmana francesa foi moralmente pisoteada e excluída com absurdos como a campanha contra a burca sob o argumento cínico de que estavam sendo protegidas as muçulmanas. A tragédia de Toulouse é fruto, em grande parte, do ambiente irrespirável que Sarkozy criou para os muçulmanos.

Hollande, aos 57 anos, chega com o desafio de reunificar os franceses. Na campanha, ele adotou um discurso pacificador que é auspicioso, e que combina bem com seu ar bonachão de tio do interior. Economicamente, Hollande vai cobrar mais contribuição dos ricos, tão mimados e tão poupados por Sarkozy. Ele está mirando especificamente nas pessoas que ganham mais de 1 milhão de euros por ano. Taxar fortemente os ricos – ao contrário do que ocorreu nos últimos 30 anos em países como os Estados Unidos e a Inglaterra – é a única fórmula de obter sociedades harmoniosas. A Escandinávia é prova disso.

Com Erika, há minutos, na Champs Elysees

“Vive la gauche” (viva a esquerda), gritavam pessoas na Champs Elysees logo depois de anunciados os resultados das eleições.

Mais que isso.

Viva o bom senso.

Viva a França.