Exclusivo: Emissora ‘quase oficial’ do Governo, Record se afasta de Bolsonaro e relação está por um fio

Atualizado em 24 de agosto de 2021 às 19:45
Edir Macedo, dono da Record e Universal, e Bolsonaro
Bolsonaro e Universal não vivem bons momentos – Foto: Reprodução

A relação entre Record e Bolsonaro está por um fio. Isto porque há reclamações das duas partes. O grupo mais radical do presidente tem visto uma postura de “morde e assopra” do canal. Em compensação, bispos que controlam a emissora ficaram incomodados com a falta de maior apoio do governo em relação a Angola.

O DCM apurou que o clima entre as partes ficou tenso com a ida de Fábio Faria para o Ministério da Comunicação. Executivos do canal acharam estranho, mas não resistiram ao nome dele. Até porque, Edir Macedo e Silvio Santos possuem boas relações pessoais e comerciais.

Só que bolsonaristas passaram a dar maior preferência ao SBT do que para Record. A emissora da Barra Funda tentou se manter em paz com o presidente. Adriana Araújo deixou a empresa depois de demonstrar incomodo com o governo na gestão da pandemia. E Augusto Nunes ganhou espaço, sendo chefe da redação do R7.

Só que o clima azedou com a crise da Universal na Angola. A igreja precisou sair do país e a Record foi banida por causa de irregularidades. Bolsonaro não agiu de imediato e a situação ficou fora de controle. Quando Mourão se envolveu, já era tarde. Ele fracassou.

A Angola era um dos países mais importantes para a Universal. Perder espaço por lá, prejudicou muito os planos dos bispos. A Record até conseguiu burlar as leis e hoje os programas dela passam no My Channel África.

Conversas entre pessoas ligadas ao governo e a igreja foram tensas. Porém, não houve nenhum rompimento. Pelo menos não oficial. A Record segue sendo aliada. Bolsonaro continua sem atacar o canal.

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Record e Bolsonaro: confusão

Porém, bolsonaristas começaram a perceber um comportamento diferente na Record. Um exemplo aconteceu com Augusto Nunes. Ele deixou o comando do Jornal da Record News. Também perdeu a chefia do R7. Tudo ocorreu sem maiores explicações e ele continuou no quadro de comentaristas.

Mariana Godoy – atualmente no Fala Brasil – fez críticas ao governo no próprio telejornal. Em julho, ela chegou a chamar a live de Bolsonaro de “bizarra” e gerou revolta em pessoas do Executivo.

Max Guilherme, assessor especial do presidente, esbravejou nas redes sociais. “Bizarra é você e esse jornalismo totalmente comunista, que não leva informação nenhuma e sim ideologia socialista. As máscaras vão caindo e vocês vão só perdendo credibilidade”, escreveu.

Diferente do que ocorreu com Adriana, Mariana segue como titular do Fala Brasil. Não recebeu nenhuma chamada de atenção e continua dando seus pitacos na atração matinal.

O caso mais recente do atrito entre as duas partes aconteceu domingo. Roberto Cabrini é conhecido por ser um jornalista independente. Ao entrevistar Sérgio Reis, ele fez perguntas duras. Tal atitude dele irritou bolsonaristas e muitos se manifestaram nas redes sociais. Claro, tudo de forma orquestrada e organizada pelo chamado “gabinete do ódio”.

Na visão do grupo mais radical de Bolsonaro, a Record tem “mordido e assoprado”. Ou seja, ela bate, mas depois faz uma reportagem para agradar. Um dos exemplos é a reportagem sobre “ideologia de gênero”, exibida no Domingo Espetacular.

O rompimento oficial não aconteceu. A TV Brasil chegou a comprar Os Dez Mandamentos e tem exibido na sua programação. Mas é notório que ambas as partes estão insatisfeitas. Tudo corre por um fio.