Por Kakay
“O poeta é um fingidor, finge tão completamente que chega a fingir ser dor a dor que deveras sente.”
Fernando Pessoa, na pessoa de Pessoa, Autopsicografia.
O Brasil virou o país da galhofa.
Os bolsominions mais assumidos nunca tiveram a noção do ridículo, mas agora se jactam de ser a realidade virtual criada no mundo falso que venderam como verdadeiro.
Eles mentiram tanto, como estratégia mesmo de poder, criaram com tal força um universo paralelo que agora só resta a eles acreditar neles mesmos.
Os bandidos negacionistas são os que venderam remédios sem eficácia e que negociaram produtos proibidos, contribuindo para a morte de milhares de brasileiros.
Os que agiram sem nenhuma sustentação científica, mercadejaram a vida e zombaram com a dor dos que perderam pessoas queridas na pandemia. Esses devem ser punidos.
Agora, os mesmos que insultaram o povo brasileiro começam a se vangloriar, como sinônimo da mediocridade que representam.
Querem tirar proveito de uma ação que boicotaram até o limite.
Querem contar a história olhando de trás para frente, falseando a realidade.
Lembro-me de Pessoa, enquanto Álvaro de Campos:
“Afinal, que vida fiz eu da vida
Nada.
Tudo interstícios.
Tudo aproximações.
Tudo função do irregular e do absurdo.
Tudo nada.
É por isto que estou tonto…“
Os calhordas se dizem orgulhosos do SUS (Sistema Único de Saúde).
Os mesmos que, no começo do governo Bolsonaro, tudo fizeram para sucatear o sistema único de saúde.
Agora, querem se apoderar do fato de que o brasileiro tem o costume enraizado de vacinar-se.
E contam os números de imunizados como se fosse uma vitória do governo federal, que era contra a vacina.
Hoje, ouvi um oportunista, travestido de jornalista, dizer com voz de barítono que a vacinação está um sucesso graças ao esforço bolsonarista.
Dizia ainda a maravilha que é o povo brasileiro ter a definição de que a vacina é a única maneira de salvar vidas.
Não havia ninguém que demonstrava um segundo de empatia.
São falsos com toda a essência necessária
Na realidade, no meio de tanta desgraça, temos que exaltar o povo brasileiro.
Hoje completamos 184.331.135 de doses aplicadas nos braços do povo.
Isso significa que 57.687.624 de brasileiros estão imunizados com a 2ª dose, ou seja, 27.24% da população.
Por outro lado, a 1ª dose foi aplicada em 126.643.511 pessoas, o que representa 59.81% de todos os brasileiros.
Imagine se, em julho do ano passado, o governo tivesse comprado as milhões de doses que a Pfizer ofereceu.
Com a entrega dos imunizantes a partir de dezembro de 2020, o Brasil seria o 1º a vacinar em larga escala e, em 3 meses, teríamos protegido boa parte da nossa população.
Hoje, mesmo com a barbárie e o obscurantismo pregando contra, estamos conseguindo aplicar a vacina em 2 milhões de brasileiros por dia. É espetacular! Remeto-me a Pessoa, na pessoa de Caeiro:
“Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras…
Sinto-me nascido a cada momento para a eterna novidade do Mundo…“
Não vamos competir com a mediocridade, muito menos com a fantástica máfia de malandros que rodeia o palácio.
É necessário fazer um esforço sobre-humano para vencer a crise sanitária, o combate ao vírus não pode ter cor e nem ideologia.
Nós cuidaremos da nossa sobrevivência política depois de termos a certeza de que podemos contar e velar nossos mortos.
E, claro, sem virar a página, pois nunca mais seremos os mesmos e não esqueceremos a tragédia e o caos, vamos resistir e voltar a ter um país sem hipocrisia e sem o fascismo criminoso.
Para isso é preciso voltar à velha alegria da resistência e às intermináveis discussões sobre temas que não os criados sob o enfoque maniqueísta, fascista e alienante desse grupo que envergonha o país e o mundo.
Com o centrão no governo, o impeachment afasta-se da realidade concreta.
É necessário manter a linha da contraofensiva aos desmandos diários dos nazifascistas
Agora, em 7 de setembro, sofreremos outro ataque na estabilidade democrática.
A voz estridente do presidente passa a não ter mais tanto respaldo e repercussão, mas ainda é a voz do presidente.
Ele está muito desmoralizado, dado ao grau de insensatez e de leviandade.
Não vamos nos dispersar.
Vamos resistir ao embusteiro, à mentira –principal arma desse grupo–, às fake news, à mediocridade, às provocações baratas, ao armamento indiscriminado e à tentativa diária de acabar com nossa esperança e sepultar nossos sonhos.
Não iremos sucumbir. Para cada crime e provocação, cresceremos e seremos múltiplos como os heterônimos de Pessoa, no Livro do Desassossego, na pessoa de Bernardo Soares:
“Criei em mim várias personalidades. Crio personalidades constantemente. Cada sonho meu é imediatamente, logo ao aparecer sonhado, encantado numa outra pessoa, que passa a sonha-lo, e eu não.
Para criar, destruí-me. Tanto me exteriorizei dentro de mim, que dentro de mim não existo senão exteriormente. Sou a cena nua onde passam vários atores representando várias peças.“
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