Na última sexta-feira (27), a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) organizou e patrocinou um evento com a Esfera reunindo figuras do governo Bolsonaro no hotel Grand Hyatt presencialmente. Estiveram presentes no evento o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Houve aglomeração sem máscara no local.
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Do encontro, surgiu um manifesto pela “pacificação entre os Poderes”. O texto, com 200 assinaturas, foi conduzido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e por Paulo Skaf. De acordo com o jornalista João Paulo Kupfer no UOL, a Caixa e o Banco do Brasil se desfiliaram da Febraban diante dessa manifestação que vai contra as posições do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de embate contra o STF e as instituições.
Fontes ouvidas pelo Diário do Centro do Mundo (DCM) deram mais alguns detalhes sobre o evento em tom de “discurso conciliador”. Com 579 mil mortes por covid, empresários e políticos se aglomeraram.
Protocolos quebrados e aglomeração
O hotel Grand Hyatt, localizado no Itaim Bibi em São Paulo, tem protocolos rígidos de segurança e limpeza, além de manter todos os cuidados em relação à pandemia, como adoção de distanciamento social e o uso de máscaras. Segundo o site oficial da rede hoteleira, eles possuem credenciamento pelo Comitê Consultivo Internacional sobre Riscos Biológicos (GBAC).
A Esfera Brasil, no entanto, ao organizar o evento, desrespeitou esses protocolos. O empresário João Carlos Camargo, o dono, deu orientações expressas para não obedecer as orientações do hotel Grand Hyatt. O estabelecimento orientou, por exemplo, seis pessoas por mesa nas palestras. Camargo orientou expressamente para manter oito pessoas em cada local, enchendo o estabelecimento com capacidade para 90 pessoas – sendo que boa parte das pessoas estavam assistindo por streaming na internet ou acompanhando as informações pela imprensa.
Imagens mostram a aglomeração entre os empresários e Arthur Lira, o presidente da Câmara.
Outro lado
O DCM encaminhou questionamentos sobre o evento para a Esfera Brasil. As perguntas foram as seguintes:
1 – Por que os participantes do evento não portavam máscaras dentro do evento do Grand Hyatt?
2 – Por que o evento não priorizou a transmissão online num momento de pandemia e de quase 580 mil mortos?
3 – O hotel Grand Hyatt concordou com esse tipo de aglomeração em suas dependências?
4 – Tem algo que eu não perguntei e vocês gostariam de esclarecer?
Procuramos também o Grand Hyatt com as seguintes perguntas:
1 – Por que o hotel aceitou um evento com oito pessoas por mesa e não seis, respeitando protocolos de distanciamento social?
2 – Por que o hotel não questionou a Esfera Brasil sobre essa falta de cuidados na pandemia com esse evento?
3 – Vocês não temem que ter um evento como esse mancha a reputação da rede hoteleira?
Atualização às 15h02 no dia 31 de agosto:
A Esfera Brasil mandou o seguinte esclarecimento.
Esclarecemos que o evento realizado seguiu todos os protocolos sanitários e as regras vigentes no decreto do Estado de São Paulo, seguida por todos os hotéis na cidade. Usamos 50% da capacidade da sala e os convidados que optaram por comparecer presencialmente já estavam vacinados, realizaram teste de Covid na entrada, com resultado em instantes, mantiveram distanciamento e permaneceram de máscara durante todo o evento – exceto durante alimentação, como já acontece em bares e restaurantes – e rapidamente para fotografias. Houve também transmissão ao vivo, disponibilizada em todos os canais da Esfera Brasil.
O hotel Grand Hyatt mandou o seguinte esclarecimento.
A saúde e a segurança de nossos hóspedes, clientes e colaboradores é uma das nossas prioridades. Ao recebermos um evento, trabalhamos com antecedência, junto com os organizadores, para garantir a aplicação das mais rígidas medidas sanitárias, em conformidade com os protocolos da cidade de São Paulo. O hotel segue todas as recomendações de prevenção à COVID-19, assim como o protocolo de segurança e limpeza da rede.