Este tem sido um ano extraordinário na vida de Diego Simeone. O ex-meio-campista argentino surge agora como um dos melhores treinadores do futebol europeu. Seu estilo tenaz e o domínio estratégico levaram o Atlético de Madrid para os escalões superiores do esporte.
“Agora que estamos na final da Liga dos Campeões e temos a chance de ganhar a Liga espanhola, há uma grande pressão, mas também uma grande oportunidade”, disse. “Eu não aceito pressão ou medo, mas responsabilidade. A força psicológica é o que pode nos permitir dar um passo adiante”.
Esta é a abordagem que Simeone tem inculcado em seus jogadores, inspirando-os com a promessa de glória e satisfação de competir no mais alto nível, em oposição a José Mourinho e sua filosofia “nós vs. eles”.
O Atlético é um time sem estrelas, que opera com menos da metade do orçamento de super clubes como Real, Barça, Bayern, Chelsea, Manchester City etc. No ano passado, foi obrigado a vender Falcao, um dos melhores atacante da Europa naquele momento, e este ano o clube espanhol provavelmente será obrigado a se livrar de Diego Costa por uma taxa de transferência pesada, a fim de se menter financeiramente competitivo.
O sucesso do Atlético este ano é fruto do trabalho de seus jogadores, é claro, mas, sobretudo, do homem que projetou essa rápida ascensão à elite do futebol europeu.
Diego Simeone nasceu em 28 de abril de 1970 em Buenos Aires. Um produto da academia do Vélez Sársfield, ele fez sua estréia em 1987 com 17 anos. Na juventude, ganhou o apelido de “El Cholo”, homenagem a um ex-atacante do Boca Juniors. Em 1990, foi vendido para o Pisa, da Itália, e depois para o Sevilla, da Espanha, onde desenvolveu uma reputação de feroz e inflexível.
Foi o que levou o Atlético Madrid a comprar seu passe em 1994. Pelos dois times espanhóis, Atlético e Sevilla, ganhou a Supercopa e a Copa del Rey. Ele não era apenas um meio-campista talentoso, mas um bom finalizador, com 21 gols em seus primeiros 98 jogos no campeonato espanhol. Pela seleção da Argentina, ganhou duas vezes a Copa América e esteve em três Copas do Mundo. Em 1998, provocou a expulsão de David Beckham, da Inglaterra, simulando uma falta — algo que admitiu mais tarde.
Foi para a Inter de Milão e integrou a equipe que venceu a Taça UEFA em 1998, derrotando a Lazio por 3 a 0. Depois foi para a mesma Lazio, até começar a desacelerar sua carreira no Racing Club da Argentina, em 2005, antes da transição para a posição de treinador do Estudiantes e do River Plate.
A carreira gerencial de Simeone o colocou em outra classe. Suas realizações no Atlético superam o que Mourinho fez no Chelsea e Pep Guardiola no Bayern nesta temporada e são mais impressionantes, dados os recursos relativamente escassos. Simeone tem sido uma lufada de ar fresco, revolucionando o estilo de jogo do Atlético de Madrid. A equipe joga com paixão e uma mentalidade vencedora, atacando com um futebol criativo e dinâmico.
“El Cholo” também tem um talento especial para tirar o melhor de seus atletas. Há um espírito de luta admirável e a crença de que tudo é possível através de trabalho duro, determinação e positividade.
Sua estratégia é “jogar cada partida como se fosse uma final.” Existe uma confiança recíproca entre Simeone e seus atletas. Curiosamente, credita parte de seu sucesso a ter assistido Mourinho e Guardiola. “Eu fui ver Mourinho treinar uma semana e outra fui ver Guardiola”, disse. “Aprendi com os dois e assimilei coisas importantes de ambos. Fui quando Guardiola tinha apenas começado no Barcelona [em 2008] . O mesmo aconteceu com Mourinho, que vi quando ele estava no caminho para ganhar seu primeiro campeonato com a Inter [2009].”
Soube esmagar Mourinho. “Eu respeito as táticas sufocantes do Chelsea”, afirmou Simeone. “Para cada adversário há oposição específica. Defender bem não é fácil, então eu parabenizo as equipes que fazem isso direito”.
Orientando o time, Simeone se comporta como se estivesse em campo, dançando, acenando e implorando para seus atletas irem para trás ou para a frente. Ele vê tudo e insiste para seus jogadores nunca estarem fora de posição. Sempre que um deles se desvia do designado em tática, Simeone está lá para restaurar a segurança operacional.
O sistema de Simeone pode muito bem definir um novo padrão para o futebol europeu, em substituição ao esquema de posse de bola do Bayern de Munique de Pep Guardiola ou das formações rígidas de Mourinho.
Mas “El Cholo” não tem a arrogância de dono da verdade. “Não há ‘melhor maneira’ de jogar. Se todos nós jogássemos da mesma forma, seria muito chato. No final, o que importa é o time, o clube e a instituição vencerem, seja lá de que jeito”.