Publicado no blog de Valter Pomar
Tem gente achando que o pequeno público nos atos do MBL neste 12S significaria uma pá de cal na “terceira via”.
Discordo.
O verdadeiro MBL (Movimento nem Bolsonaro nem Lula) inclui um quarto elemento.
Refiro-me à direita neoliberal tradicional, por exemplo o MDB, o DEM e o PSDB.
O sonho de consumo de quem defende a “frente ampla” é que estes partidos – e os setores da classe dominante por eles representados – aceitem defender o impeachment e/ou se comprometam a apoiar Lula, no primeiro turno, no segundo turno ou no governo.
A preços de hoje, ontem e anteontem, não há sinal algum de que isso ou aquilo possam vir a acontecer.
A direita neoliberal tradicional segue temendo que o processo de impeachment paralise as reformas neoliberais.
E a direita neoliberal não quer contribuir para a reversão das “conquistas” de 2016-2021, o que eles acham que aconteceria em caso de vitória de Lula.
Por isso – a preços de hoje – eles preferem um acordo com Bolsonaro e, ao mesmo tempo, tentar construir uma alternativa eleitoral que derrote Lula (já que entendem que o cavernícola está marcado para perder).
Portanto, o verdadeiro MBL (Movimento nem Bolsonaro nem Lula) tem mais bala na agulha do que esta turma que foi às ruas no dia 12 de setembro.
E a esquerda não deveria subestimar nem Bolsonaro, nem a direita neoliberal tradicional.
Que inclusive podem novamente se unir contra nós.
Mais sobre o assunto:
1 – Por que desisti de ir ao protesto da direita pelo impeachment de Bolsonaro. Por Gilberto Maringoni
2 – Na Paulista, ato da “terceira via” tem pixuleco de Lula e Bolsonaro abraçados
38% dos que estavam em ato do MBL não queriam protestar com o PT
Cerca de 38% dos que protestaram no ato do MBL neste domingo (12) não queriam a participação do PT.
Os protestos ocorreram em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília.
Na Avenida Paulista, mais de 1/3 dos manifestantes disseram não querer petistas no ato, segundo levantamento da BBC.
Apesar disso, 85% acreditam que “para o impeachment de Bolsonaro, é preciso uma ampla aliança que vai da direita à esquerda”.
33% não ocupariam as ruas com a CUT e 31% com o MTST.
A pesquisa foi feita por Pablo Ortellado e Márcio Moretto.
Eles entrevistaram 841 manifestantes. O estudo tem margem de erro de 4 pontos percentuais.