Nego do Borel no país de Bolsonaro: é de agressor de mulher reincidente que a Record gosta
Por Nathalí
Nego do Borel é cantor e agora participante de um reality show na Record, mas consegue ser mais conhecido pela fama de agressor de mulher. Ele foi indiciado na última sexta-feira (17) por “lesão corporal devido a perturbações psíquicas”, na investigação ensejada pela denúncia de uma de suas ex-namoradas, a modelo Duda Reis, que o acusa de estupro e ameaças de morte.
A modelo não é a primeira vítima que denuncia Nego do Borel. Swellen Sauer, que namorou o cantor em 2015, acusou-o de tentar enforca-la com um carregador de celular. Ele negou tudo.
A vítima seguinte foi Crislaine Gonçalves, que usou o Facebook para dizer que tinha apanhado de Nego no final da festa de aniversário dele. Após a repercussão da história, Nego veio a público dizer que a conta da namorada havia sido hackeada e que tudo não passava de mentira.
E assim, de vítima em vítima, o agressor eventual – como tantos outros que, mesmo com menos dinheiro que ele, também gozam da doce indulgência do patriarcado – vai se safando de todas as agressões sem nunca ser preso ou penalmente responsabilizado.
Com a vítima mais recente, Duda Reis, ele não se contenta em mentir pra se safar: tem ainda a pachorra de processá-la por calúnia, injúria e difamação.
A modelo afirma ter sido estuprada em diversas ocasiões enquanto viajava com o então noivo, dopada de remédio pra dormir. Quando se recusava a acompanha-lo nos shows, apanhava e era ameaçada de morte.
A família da menina – uma menina, basta assistir aos seus vídeos pra saber – usou as redes sociais diversas vezes pra se posicionar contra o genro, e há ainda quem diga que, por isso mesmo, a menina merece a violência: não ouviu os pais e foi contra o mundo (como faria qualquer adolescente?) pra viver uma paixão. Ou quem simplesmente não acredite na sua palavra, mesmo em se tratando de um agressor reincidente.
A assessoria do cantor segue a linha de sua cara lavada: firma que indiciamento não foi por agressão física, mas por ‘lesão corporal devido a perturbações psíquicas’.
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Como se isso mudasse alguma coisa. Embora a violência psicológica só tenha sido tipificada na Lei Maria da Penha em agosto deste ano, a nocividade de seus efeitos (inclusive no que concerne a lesões físicas) não é novidade pra ninguém: violência psicológica não é menos violenta. Pelo contrário, aliás.
Ainda que não houvesse os estupros, as ameaças, as surras, as tentativas de enforcamento… A violência psicológica deveria ser suficiente para ao menos fazer com que sua assessoria fingisse algum pudor diante do caso.
Mas nada; nada além de dizer que Nego “provará sua inocência”, o que deve significar seguir na impunidade, como tem sido até aqui.
E onde está o agressor agora?
Em um reality show, dando audiência pra a Record, a emissora da família cristã brasileira, que dá palco a agressor de mulher, pedófilo, pastor ladrão, funkeiro decadente e influenciadora com harmonização facial mal sucedida (só gente polida, como diria minha avó).
Nego do Borel segue não apenas impune, como também ganhando mais dinheiro. Acusando suas vítimas de mentirosas e aproveitadoras. O que só confirma a triste verdade de que é impossível confiar no judiciário de um país como o Brasil. Especialmente em se tratando de violência contra a mulher.
Ainda bem que ainda dá pra confiar na grana da família de Duda Reis; que pode ser, quem sabe – nesse país em que grana é tudo que importa – fazer com que ao menos este entre tantos agressores seja uma vez punido.