Em entrevista aos jornalistas Kiko Nogueira e Pedro Zambarda no canal DCM TV, o coronel Marcelo Pimentel explicou o papel da intervenção brasileira no Haiti, por mais de 13 anos, para a ascensão do militarismo na vida pública brasileira.
O período que iniciou em 2004 teve também influência na ocupação do Rio de Janeiro e serviu para aproximar o escalão superior das Forças Armadas aos membros do Exército americano.
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“Os superiores, nos períodos de descanso na Flórida, viram o respeito que a sociedade de lá tem pelos oficiais da reserva, e então imaginaram que podiam fazer o mesmo no Brasil, aumentando a presença na sociedade, criando escolas e participando da administração do país”, disse o coronel.
Pimentel lembrou, porém, que a metodologia dos quarteis não deve ser replicada no ambiente civil, como uma escola, por exemplo, que é lugar onde se deve valorizar o pensamento amplo e reflexivo.
Ele lamenta que essa ocupação de espaços esteja saindo de controle no governo Bolsonaro, quando os oficiais tomaram áreas que devem estar sob comando civil pela própria natureza dos processos.
A visão do militar, com foco na disciplina, segundo o oficial, é necessária e saudável, mas faz sentido num ambiente em que estamos nos organizando para um confronto de guerras, e não para cuidar dos destinos da sociedade.
Experiência desastrosa no Haiti
A experiência brasileira no Haiti, em resumo, foi o estopim para o aumento da presença dos militares na vida pública brasileira, segundo Marcelo Pimentel.
De uma família de militares e formado pela turma de 1987 da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), Marcelo deixou a ativa em 2018.
Ocupou diversas funções no Brasil e no exterior, sendo oficial no Comando da 12ª Brigada de Infantaria (SP); comandante do 18° Grupo de Artilharia de Campanha (MT) e oficial de Estado-Maior no Exército (DF).