Sete lições de civilização

Atualizado em 12 de junho de 2013 às 19:27

 

Escravos trabalhando nas plantações de açúcar da Jamaica sob o comando britânico

Parece às vezes que os ingleses não conhecem sua própria história.

Nem os historiadores.

Por exemplo. Um deles, David Starkey, fez recentemente o seguinte comentário sobre um grupo de pessoas — principalmente de origem paquistanesa –acusadas de explorar sexualmente meninas menores de idade: “Eles deveriam receber aulas de história da Inglaterra para se aculturarem.”

Seria um banho de civilização, na visão de Starkey.

Bem. Invoco um personagem da história inglesa, o Duque de Wellington, para responder: “Quem acredita nisso acredita em tudo”.

Starkey, 67 anos, abertamente gay, causou espécie durante os tumultos de 2011 em Londres ao dizer que os brancos se comportaram como negros.

Bem, abaixo, sete sugestões de capítulos importantes do império britânico que poderiam ser estudados pelos paquistaneses e outros imigrantes para que aprendam a se comportar:

1)  O incentivo à pirataria no século XVI, sob Elizabeth I. Os corsários ingleses eram incentivados a saquear navios estrangeiros e depois dividir o butim com a Coroa.

2)  O tráfico de escravos capturados na África nos famosos navios negreiros.

3) A exploração da Jamaica para a produção de açúcar, com cujo comércio os britânicos ganharam dinheiro em dose copiosa. Eram usados escravos nas plantações, e eles trabalhavam dezoito horas por dia, de segunda a segunda. A carga era ainda maior nos períodos de colheita. Só crianças abaixo de seis anos, alguns velhos e deficientes eram poupados.

4) A prática de recrutar para a guerra tripulantes de navios tomados pela marinha inglesa, no século XVII, qualquer que fosse a nacionalidade. Isso significava que a pessoa podia guerrear compulsoriamente contra seu próprio país.

5)  As Guerras do Ópio, no séxulo XIX. Nelas os ingleses impuseram aos chineses que aceitassem que o ópio produzido na Índia fosse comercializado livremente na China. Foi a maneira que os britânicos encontraram de equilibrar sua balança comercial com a China – da qual consumiam chá, seda e porcelana em altas quantidades. De quebra, os britânicos ainda ficaram com Hong Kong por mais de 100 anos e controlaram por muito tempo a principal fonte de receita da China – a alfândega.

6)  A trama para derrubar o presidente eleito do Irã em 1952, Mohammed Mossadegh, porque ele queria renegociar a divisão de lucros de uma companhia angloiraniana de petróleo. “Sem o dinheiro desse petróleo não teremos como sustentar o padrão de vida dos ingleses”, disse um ministro inglês ao defender a derrubada de Mossadegh.

7) O dinheiro que a Inglaterra fez na Índia colonizada com a consequente miséria dos indianos. Charles Forbes, um inglês que passou 22 anos na Índia antes de retornar à Inglaterra para ser membro do Parlamento, disse o seguinte, em 1836. “Estamos pilhando a Índia dia após dia, ano após ano, numa dimensão horrível”. Segundo ele, em 50 anos a Inglaterra ganhou na Índia dinheiro suficiente para pagar “toda a dívida nacional”. E isso pouco depois das guerras napoleônicas, quando a dívida inglesa subiu extraordinariamente.

Poderíamos continuar, mas já temos acima um material suficiente para os imigrantes se embeberem dos ensinamentos da alta civilização britânica.