Matéria do Valor de janeiro falava do sucesso da Hospital Care, holding controlada pela gestora de private equity Crescera e pelos empresários Elie Horn e Julio Bozano.
Idealizador da holding, Paulo Guedes era presidente da Bozano Investimentos até virar ministro da Economia do governo Bolsonaro. A operadora, então, mudou de nome para Crescera. Em 2020, passou a investir no mercado funerário.
A Hospital Care, holding controlada pela gestora de private equity Crescera e pelos empresários Elie Horn e Julio Bozano, analisa abrir seu capital nos próximos meses, apurou o Valor Econômico. Em 2020, o grupo fechou sete aquisições e chegou a um faturamento de R$ 1 bilhão. Deve encerrar este ano de 2021 com uma receita de R$ 1,7 bilhão e 770 leitos hospitalares, segundo fontes. Este número de unidades de internação pode dobrar devido a um investimentos previsto pela companhia de R$ 270 milhões em crescimento orgânico até 2022.
A Hospital Care passou a considerar ir à bolsa de valores já neste ano após o sucesso da oferta inicial de ações (IPO) da Rede D’Or, que captou em dezembro R$ 11,4 bilhões, com uma demanda três vezes maior à oferta. Outras companhias de saúde como a Dasa e a Athena, controlada pelo Pátria, devem seguir o mesmo caminho para aproveitar o interesse dos investidores pelo setor de saúde.
Há demanda por negócios envolvendo hospitais. Trata-se de setor bastante pulverizado, e metade dos hospitais no país é de pequeno porte, com cerca de 50 leitos. Mas para esse negócio ser rentável é preciso ter o triplo desse número. Mesmo nesse cenário, ainda há poucos grupos consolidadores, que se formaram nos últimos cinco anos, quando a legislação passou a permitir capital estrangeiro em hospitais. O maior grupo, disparado, é a Rede D’Or, com 7 mil leitos operacionais.
Fundada há apenas quatro anos, a Hospital Care foi idealizada por Paulo Guedes, atual ministro da Economia, que na época presidia a gestora Bozano (atual Crescera). O fundo detém pouco mais da metade do capital da holding e a outra fatia pertence aos empresários Elie Horn e Julio Bozano. O grupo, que atua fora do eixo Rio-São Paulo, viu sua receita saltar de R$ 250 milhões para R$ 1bilhão, entre 2017 e 2020. A estratégia da companhia é entrar nas cidades adquirindo um hospital de alta complexidade e depois montando ao redor uma rede com unidades de média e baixa complexidade. Atualmente, a Hospital Care tem nove hospitais e outras 20 unidades de serviços médicos como clínicas e laboratórios de diagnóstico no interior de São Paulo, Florianópolis e Curitiba, no Sul do país.
No ano passado, a holding comprou o Hospital Pilar e clínica de imagem Cedip (em Curitiba), do Hospital Austa e IMC – Instituto de Moléstias Cardiovasculares (ambos São José do Rio Preto), do Hospital Evangélico (Sorocaba) e a carteira de planos de saúde da Austa. Também assinou um contrato de aluguel da infraestrutura do Hospital de Caridade (Florianópolis), por 30 anos, renovável pelo mesmo período.
Outra frente da holding é a criação de uma startup que trabalha com modelo de remuneração baseado em performance. Recentemente, assinou uma parceria com a Union, uma nova operadora de planos de saúde da Sermed que atua exclusivamente com esse formato de pagamento. Procurada pelo Valor, a Hospital Care informou que não comenta rumores de mercado.