A hashtag #cpidocirco (nos trending topics do Twitter hoje) faz a cada dia mais sentido.
A Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga os crimes do governo Bolsonaro (que resultaram em mais de meio milhão de mortos) durante a pandemia de COVID 19 virou bagunça faz tempo: gente mentindo descaradamente, omitindo, interrompendo, gritando, tretando etc.
Assistir a uma sessão da CPI é definitivamente uma aula de Brasil: energia de casa da mãe Joana – com todo respeito à mãe Joana.
Dessa vez, ao que parece, as coisas passaram dos limites. A CPI virou palco pra propaganda gratuita.
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Estamos falando do véio da Havan, que, depois de usar o túmulo da própria mãe pra se promover e continuar defendendo o tratamento precoce que a matou, viu na CPI uma oportunidade. E o que ele fez depois disso, queridos, denota uma malandragem maquiavélica que não por acaso vem de um bolsonarista grotesco.
O infeliz usou a investigação que tenta de alguma forma responder às mais de 500 mil famílias que enterraram seus entes queridos (pessoas que gente como o véio da Havan – é exagero dizer? – ajudou a matar) pra fazer propaganda.
Propaganda, gente. De uma loja de departamentos conhecida por explorar funcionários – para além do “normal capitalista” – e tentar obrigá-los a votarem em Bolsonaro (além da cafona síndrome de vira-latas impregnada nas falsas estátuas da liberdade, é claro). Depois de autorizar que enfiassem ozônio no reto da própria mãe a a matassem com um tratamento precoce ineficaz e incansavelmente defendido por acéfalos.
Se isso não te parece um filme de terror com roteiro estranho e de gosto duvidoso, talvez você não esteja vivendo direito o Brasil desses tempos (não que isso seja ruim, é claro).
O fato é que propaganda foi autorizada pelo Senador Omar Aziz, presidente da Comissão, e o vídeo institucional da empresa foi reproduzido no início da sessão desta quarta-feira. A peça foi transmitida ao vivo pela TV Senado, CNN e GloboNews, que interromperam a transmissão ao se darem conta de que se tratava de uma propaganda.
A peça de marketing que ganhou palco teve o aval da presidência da CPI. Como todo documento em uma comissão, foi previamente checado e ainda assim exibido, e isso não é nada menos do que um escárnio com cada brasileiro que acompanha essa comissão com alguma esperança – sobretudo com cada brasileiro que perdeu alguém que ama graças ao projeto genocida do Governo Bolsonaro.
É tentador que nos perguntemos: por quê a CPI da COVID se presta a este papel? Mas a única pergunta que consigo me fazer neste momento é se é possível depositar esperanças em uma comissão transformada em propaganda gratuita.
Sobre o deboche de uma propaganda da Havan no meio de uma investigação dessa envergadura, o presidente Omar Aziz disse apenas “já foi, já foi” – e isso me parece exatamente o que se pode dizer do Brasil de modo geral.