O depoente da CPI da Covid desta quinta (7) é Tadeu Frederico Andrade, paciente da Prevent Senior. Ele é um sobrevivente do que chama de “trama macabra” da operadora de saúde. O advogado foi convocado para depor como testemunha na comissão e pretende detalhar o que passou enquanto esteve internado na empresa.
“Sou um sobrevivente dessa trama macabra. Isso é uma coisa horrível”, diz Tadeu à BBC. Segundo o advogado, foi receitado a ele, durante a internação, o medicamento flutamida. A droga é usada para tratar câncer de próstata e não tem eficácia contra covid. Também conta que tentaram encaminhá-lo para cuidados paliativos, tratamento a pacientes em estado terminal, sem capacidade de recuperação.
“O aspecto disso tudo é financeiro, não é médico ou muito menos humanitário”, critica.
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Quem é o depoente da CPI
Tadeu teve os primeiros sintomas da doença em dezembro do ano passado. Após teleconsulta na Prevent Senior, recebeu o “kit covid” por meio de um motoboy. “Me receitaram esses remédios mesmo sem diagnóstico preciso. Fiz o exame e tive resultado positivo para a Covid-19 quando eu já estava tomando esses remédios”, relata.
Ele diz que não teve melhoras com os remédios, pelo contrário: “Eu só estava piorando”, afirma. Em 30 de dezembro, quinto dia consumindo o kit, foi a um hospital da rede Sancta Maggiore em São Paulo. Passou por exames e foi diagnosticado com covid e pneumonia bacteriana associada ao vírus. Então, foi internado em UTI e intubado pouco depois. Mesmo sem autorização da família, foi alvo de tratamento experimental, relata.
Em 28 de janeiro, médicos telefonaram à família para dizer que ele apresentou melhoras. Dois dias depois, entretanto, uma médica afirmou que ele estava em estado gravíssimo e sugeriu cuidados paliativos. A ideia era “proporcionar mais conforto e dignidade”, pois “o óbito aconteceria em alguns dias”.
A condição deixaria o paciente sedado, com aparelhos desligados e sem possibilidade de reanimação. Seus filhos então se reuniram com médicos da Prevent Senior e não autorizaram o tratamento paliativo.
A família alegou que não autorizou a medida e ameaçou procurar a Justiça caso Tadeu não prosseguisse na UTI. A operadora então concordou, mas os filhos contrataram um médico particular para supervisionar o tratamento. O profissional apontou que não havia motivo para o tratamento paliativo.
Tadeu ainda ficou por quatro meses (dois na UTI e dois em clínica) na Prevent Senior. Depois disso, passou 90 dias em tratamento em casa.
CPI também ouve médico que denunciou a Prevent Senior
O outro depoente da CPI será Walter Correa de Souza Neto, ex-funcionário da operadora de saúde. Ele e outros dois médicos que integram o grupo que elaborou dossiê contra a Prevent Senior foram convocados.
Walter já denunciou Batista Júnior, diretor da empresa, por ameaças. O trecho está entre os arquivos sigilosos da CPI da Covid. Ele também registrou as ameaças em boletim de ocorrência na Polícia Civil. Após a denúncia, o médico recebeu uma ligação de Batista, que ameaçou prejudicá-lo profissionalmente. Também citou expor a filha e a família do funcionário.
“Você não ganhou nada com isso. Eu vou pegar cada um dos prontuários dos pacientes que você não tratou e vou mostrar quantos deles foram para a UTI. É isso que eu vou mostrar, porque eu tenho que provar alguma coisa”, disse o diretor,.