Após ser alvo de críticas por texto racista publicado na Folha, Leandro Narloch voltou a escrever em sua coluna. Dessa vez, reclamou de “cancelamento”. Citando livro de psicólogos americanos, ele afirma: “A onda de cancelamentos na imprensa e nas universidades americanas exibe as mesmas distorções de pensamento descritas pela terapia comportamental-cognitiva”.
Para o colunista, as críticas a ele foram causadas porque “distorções cognitivas nos levam a enxergar monstros em ‘adversários’ ideológicos e a interpretar da pior forma o que eles dizem”. Narloch nega ter relativizado a escravidão em seu texto e alega que seu argumento era que “a escravidão é um mal que foi produto de sua época”. “Pessoas do século 18 pensavam como pessoas do século 18, e não conforme valores de 2021”, justifica.
Ele então respondeu ao texto de Thiago Amparo, que o acusou de racismo na mesma Folha de S. Paulo. Segundo Narloch, o advogado usou de “raciocínio emocional, generalização, catastrofismo e rotulação”. “A coluna de Amparo não discute meus argumentos ou os de Risério [antropólogo citado por ele]: só esbraveja e descreve reações fisiológicas”, prossegue.
Cita também outras críticas e afirma:
“Entendi que ativei um gatilho emocional: os críticos temem que a coluna deu a entender que ‘a escravidão não era cruel’, ‘só não enriquecia quem não queria’, ‘a ordem social da escravidão era justa’ ou alguma aberração similar”.
Narloch ainda diz que “o livre mercado é uma força antidiscriminação” e completa:
“Os colegas devem discordar —e peço que o façam evitando distorções cognitivas. Por aqui, serei mais preciso, mesmo que soe redundante ou óbvio, para evitar injustas acusações”.
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O texto racista de Narloch
Thiago Amparo criticou a Folha de S. Paulo por dar espaço a Leandro Narloch, comentarista de extrema-direita. Ele relativiza a escravidão e cita uma “sinhá preta”. A personagem histórica, segundo ele, conquistou a liberdade, “superou preconceitos”, enriqueceu com o comércio e comprou a alforria de outros negros, tornando-os escravos.
O advogado afirma ter sentido “ânsia de vômito” e “um misto de repugnância e desânimo”. “Folha, por que ainda precisamos nos masturbar coletivamente com a relativização da dor preta?”, questiona.
Amparo diz que Narloch é “munido de falácia reacionária” e “legitima a escravidão ao relativizá-la”. Prossegue dizendo que o colunista referenciou a figura histórica de maneira “risível e desonesta” para “suavizar a brutalidade da escravidão”. “É peculiar da branquitude discutir o horror tomando chá”, ironiza.
Antes de voltar à Folha, Narloch foi demitido da CNN por comentário homofóbico
Narloch é autor do livro “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil” e já chegou a dizer que Zumbi era dono de escravos. No ano passado, o comentarista foi demitido da CNN por fala homofóbica. Ele associou pessoas homossexuais a promiscuidade. Também defendeu restrição a doação de sangue por serem um suposto grupo de risco para se infectar com HIV.