Escassez de fertilizantes é obra da trinca Moro -Temer-Bolsonaro. Esse é o título da análise de Fernando Brito, do Tijolaço.
Leia a íntegra abaixo:
Jair Bolsonaro voltou a falar em “desabastecimento” provocado pela falta de fertilizantes para a lavoura.
Tanto é mentira que seu próprio Ministério da Agricultura diz que “não vê cenário de desabastecimento no ano que vem“, segundo a Folha, embora reconheça que há problemas nas exportações chinesas de fertilizantes, causadas pela crise energética daquele país.
Sim, há, mas falta explicar que o Brasil, potência agrícola mundial, renunciou à perspectiva de produzir insumos para esta indústria.
O mis importante deles, a ureia – nitrogênio – está assim:
a Petrobras fechou a planta produtora de amônia e ureia em Araucária (PR) no início do ano passado, paralisou, durante dois anos as de Laranjeiras (SE) e Camaçari (BA), que só voltaram a produzir em abril deste ano.
E há ainda a grande unidade de Três Lagoas (MS), uma parceria entre a petroleira, a Galvão Engenharia e a Sinopec (petroleira estatal chinesa), paralisada pela Lava Jato quando estava com 83% das obras concluídas.
O resultado foi que a produção de ureia brasileira “zerou”, em pouco mais de dois anos.
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Os outros 2 componentes são mais complexos:
o potássio, do qual importamos 96,5% de nossas necessidades tem grandes reservas na Amazônia, mas sem o apelo do garimpo de outro que tanto encanta o presidente e o fósforo – extremamente escasso na natureza e muito poluidor nos esgotos, já tem tecnologias de ser obtido a partir do lodo de estações sanitárias, mas sem impulso governamental para ser recuperado numa escala significativa.
Além do aspecto econômico, o uso de fertilizantes cumpre um papel ambiental essencial, elevando a produtividade e aliviando a pressão para a ocupação de terras virgens e para derrubada de matas.
Bem manejados, produzem pouco ou nenhum impacto ambiental, sobretudo se usadas técnicas de retardamento das águas pluviais, evitando o arraste de material para os rios, o que também reduz o assoreamento dos cursos d’água.
Mas isso não interessa ao agronegócio predador: a produção nacional de fertilizantes, como você vê no gráfico: caímos de quase 10 milhões de toneladas em 2007 para 6,4 milhões de toneladas de fertilizantes produzidos aqui em 2020.
Um queda ainda mais brutal se pensarmos que, neste intervalo, a área plantada aumentou 25% e a produção perto de 50%.