Em encontro com movimentos sociais do campo, floresta e das águas, intitulado “Pela vida e contra a fome”; o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que “a cabeça da elite brasileira ainda é escravista, é o único significado da existência da fome no país”.
Lula disse ainda que, independentemente da quantidade de alimentos produzida pelo Brasil, “se o povo não tiver dinheiro, não come”.
O ex-presidente pediu fraternidade entre todos os brasileiros.
Ainda de acordo com o petista, a fome é o “mal desgraçado que temos que colocar como prioridade (a extinguir)”:
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Veja discurso abaixo:
Lula critica Temer
Durante o encontro, Lula criticou o ex-presidente Michel Temer (MDB).
“Essa gente que cassou a Dilma (Rousseff) dizendo que faria a ponte para o futuro, olha a ponte que fizeram”, afirmou, em referência ao programa de desenvolvimento lançado por Temer (“Ponte para o Futuro”) quando assumiu a presidência da República, em 2016.
O projeto previa e implementou reformas com redução de direitos trabalhistas, teto de gastos públicos com Saúde e Educação e a reforma da Previdência, entre outras medidas.
Por fim, Lula lamentou que a fome avance no Brasil, “o terceiro maior produtor de proteína animal do planeta Terra”. O ex-presidente também reafirmou seu desejo de que o PT lance Fernando Haddad como candidato ao governo de São Paulo.
Movimentos
Entre os movimentos sociais que participaram da organização do encontro, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) pediu a Lula que, caso eleito (o ex-presidente ainda não confirmou sua pré-candidatura à presidência da República em 2022), retome a Reforma Agrária no país.
“É preciso mexer na estrutura agrária desse país e retomar a Reforma Agrária. Os latifundiários desse país estão roubando as terras públicas. Queremos retomar o nosso lugar e participar das discussões dentro do Incra, do MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário), do Plano Safra e no Ministério da Pesca”, resumiu Alexandre Conceição, da direção nacional do MST.
O representante da Coordenação Nacional dos Quilombolas (Conaq) conhecido como Biko criticou os grandes produtores rurais do país. “O agronegócio quer destruir o campo brasileiro, e nós somos a fronteira que impede essa destruição. As comunidades quilombolas estão em todos os biomas.
“Na Amazônia, nós, os negros, somos 68% da população, mas o mundo não nos enxerga. Quando o Pantanal queima, nós queimamos juntos.”
Os indígenas foram representados pela Associação dos Povos Indígenas Brasileiros (APIB), que também criticou os produtores rurais. “É necessário ousadia e coragem para enfrentar o agronegócio e demarcar nossas terras. Hoje, nós temos aproximadamente 500 processos de demarcação que estão parados. Hoje, a população que mais sofre com a poluição dos rios, são os indígenas”, disse Kretã Kaingang, liderança do movimento.
Edição: Vinícius Segalla
Publicado originalmente no Brasil de Fato
Por Igor Carvalho