Você pagou a festa dos parentes de Michelle Bolsonaro no avião da FAB
Os aviões da Forma Aérea Brasileira têm sido usados para finalidades cada vez mais, digamos, atípicas no governo Bolsonaro. Depois de carregar 39 kg de pasta base de cocaína, uma aeronave da FAB levou sete parentes de Michelle Bolsonaro para participarem do evento de abertura do Programa Pátria Amada, sob a responsabilidade da primeira-dama.
Michelle estava a bordo com sua filha mais velha, três irmãos, um cunhado e duas sobrinhas – para eles, aparentemente, a mamata está longe de terminar.
O vôo foi solicitado pela Ministra Damares Alves, que também acompanhou o evento de abertura, de onde seguiu, junto com Michelle, para a festa do blogueiro e maquiador bolsonarista Augustin Fernandez (uma daquelas bichas de direita que passam vergonha apoiando um governo que os odeia).
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O mais curioso – pra não dizer absurdo, mesmo – é que essa carona inocente em um avião da Força Aérea contraria um decreto da própria presidência, segundo o qual “a comitiva que acompanha a autoridade na aeronave do Comando da Aeronáutica terá estrita ligação com a agenda a ser cumprida, exceto nos casos de emergência médica ou de segurança”.
A emergência médica de Michelle e Damares, as duas madames que deitam e rolam com dinheiro público à vista de todos, era decerto posarem maquiadas ao lado de uma gay decadente, ou aglomerar como se a pandemia já tivesse terminado.
Na volta do evento, depois de muita comemoração em restaurante badalado com direito a bolo de três andares (com dinheiro público, é claro), o avião da FAB voltou a Brasília trazendo, além dos parentes de Michelle, Sarita Pessoa, mulher do ministro do Turismo, Gilson Machado, e o próprio Augustin Fernandez, que não perderia a carona ilustre.
Ao ser questionada sobre a mamata no avião da FAB, Damares rebateu: “A gente vai explicar. Tem algum impedimento na lei?”
Sim, querida Ministra, há diversos impedimentos na Lei. Afora o fato de a senhora parecer desconhecer o decreto do governo que a senhora mesma integra, devo lembrá-la que oferecer “carona” pros amigos e parentes no avião da Força Aérea Brasileira contraria princípios basilares da administração pública – como o Princípio da Moralidade (nunca antes respeitado neste governo), e o Princípio da Impessoalidade.
Não seria necessário, entretanto, recorrer a nenhuma lei: bastaria o bom-senso de saber-se que bens públicos devem ser usados para o bem-estar social, e não para o conforto privado dos parentes da primeira-dama.
Acontece que desgoverno Bolsonaro desconhece totalmente o conceito de “bem público”, mais ainda de “bem-estar social”: avião da FAB vira aeronave particular de bolsominion, dinheiro público vira caixa exclusivo de leite condensado, câmara municipal vira galinha gorda de emprego público pra funcionário fantasma.
Para a Família Bolsonaro, o Governo é uma grande loteria para favorecer os escolhidos.
Depois é só lançar uma nota com uma desculpa qualquer e tá tudo bem: em nota, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos declarou que “cabe à autoridade que solicitou a aeronave definir os critérios para o preenchimento das vagas e que todos os que foram transportados são voluntários no programa social coordenado por Michelle.”“Este ministério considera que não houve qualquer irregularidade no transporte da comitiva”, conclui o texto.
Ou seja: os integrantes do Governo decidem por quem e de que maneira o nosso dinheiro será usado.
Para empregá-lo em favor de interesses particulares – de parentes da primeira-dama ou de blogueiros bolsonaristas – basta dizer que são voluntários de qualquer coisa.
A mamata se perpetua e os Princípios Constitucionais que lutem.
Em um Governo em que o presidente diz que vacinas causam AIDS, a primeira-dama lança um programa oficial vestida de palhaça e expressa sua “gratidão às milícias” e aviões oficiais carregam todo tipo de droga, não é mesmo de se espantar que notas de esclarecimento justifiquem desrespeito sistemático à Constituição Federal.