Oficialmente lançado na quinta-feira, dia 5, “Marighella” já se tornou o filme brasileiro mais assistido nos cinemas neste, com 36,7 mil espectadores. Em segundo lugar vem a comédia “Depois a Louca Sou Eu”, com 29 mil, segundo dados do Filme B.
Sim. A história tem de ser contada. O filme finalmente ch
A produção dirigida por Wagner Moura e protagonizada brilhantemente por Seu Jorge tem, dentre muitos, o mérito de jogar luzes à trajetória e ao legado de um líder revolucionário nos anos de trevas pós-golpe de 64 em terras brasileiras.
Sim. É preciso reafirmar quantas vezes for preciso que nesse período famílias foram destroçadas, os direitos civis foram pisoteados, a imprensa foi amordaçada, o choque elétrico e pau-de-arara eram torturas corriqueiras.
Sim. Ainda temos fome, as relações de trabalho e acúmulo de riquezas não mudaram muito dos anos 60 para cá. Mas Marighella foi um grande homem do seu tempo. Mesmo tempo de Che Guevara e de Fidel Castro.
O filme é cheio de clichês e frases de efeito de seu protagonista, tais como “Não temos tempo de ter medo“. O Delegado Lúcio (Bruno Gagliasso) é inspirado no psicopata Sérgio Paranhos Fleury.
É incrível obervar que o Brasil tenha defensores desse tipo de conduta e de políticas de extermínio. Pessoas que têm como líder um Bolsonaro, ligado aos segmentos mais atrasados e retrógrados, que encarna esse esgoto que insiste em transbordar em nossas vidas.
Os “cidadãos de bem”, que foram às ruas no último 7 de setembro, pedindo a volta do AI-5 e a dissolução do Supremo Tribunal Federal, querem exatamente esse modelo fascista.
O ranço de uma camada significativa dessa sociedade atrasada, mau caráter e escravocrata, somada a uma ignorância desmedida, que estava submersa nas tubulações mais profundas de nossa rede social, emergiu novamente.
Precisa-se explicar que aquilo que o filme mostra foi verdade. Não é uma ficção distópica da Netflix.
Entrar novamente em uma sala de cinema lotada é sinal que ainda existe espaço para se escrever a história de um Brasil possível.
A reconstituição de época e a direção de arte são muito bem-feitas, figurinos idem. Existe um “padrão Global “ que me incomoda, mas é isso assunto para outra resenha.
Moura debuta em alto nível com um filme muito forte.
Soube conduzir de forma segura e levou às lágrimas, em alguns momentos, uma plateia ávida de heróis e esperança. Ao final da exibição, ao subir os créditos, a plateia bateu palmas e gritou “Fora Bolsonaro”.
A história é cíclica. Vai passar. Viva Marighella.