Em clima de guerra, PSDB escolhe candidato à Presidência; saiba tudo sobre as prévias

Atualizado em 21 de novembro de 2021 às 7:19
Eduardo Leite e João Doria
Eduardo Leite e João Doria disputam candidatura do PSDB à Presidência em 2022.
Imagem: Governo do Estado de São Paulo e Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini

O PSDB vai definir o candidato do partido à Presidência da República em 2022 neste domingo (21). Em clima de guerra e em meio à ameaças de adiamento, o partido chega às prévias rachado e lutando para sobreviver.

Desde que se fala na votação, a racha no partido ficou evidente na disputa entre os governadores Eduardo Leite (RS) e João Doria (SP), os favoritos. O ex-prefeito de Manaus e ex-senador Arthur Virgílio corre por fora.

Nos bastidores, segundo o presidente Bruno Araújo, é que sem a disputa, a sigla poderia sumir antes de 2022. Embates e trocas de acusações entre João Doria e Eduardo Leite foram constantes.

Pensando no confronto, o DCM separou os principais acontecimentos que serão decisivos para definir o candidato tucano. Confira abaixo.

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Como serão as prévias do PSDB?

Um total de 44.697 filiados e mandatários cadastrados escolherão o representante do partido.

Há quatro grupos votantes. Um é o de 39.737 filiados, que podem votar por meio de um aplicativo próprio da sigla.

O segundo é o de 491 prefeitos e 396 vice-prefeitos, que podem votar tanto pela ferramenta em questão como por uma urna eletrônica que estará instalada em Brasília, em um centro de convenções alugado pela legenda.

O terceiro grupo é formado por 3.949 vereadores e 72 deputados estaduais. O primeiro subgrupo pode votar apenas pelo aplicativo, enquanto o outro tem também a opção da urna.

Por fim, há também 52 políticos que podem votar pelos dois formatos disponíveis. Alguns deles são os próprios governadores do partido, além de senadores e ex-presidentes.

Ataques

Doria competitivo, como sempre, trabalha para vencer.  Com a total certeza que venceria as prévias do PSDB, o governador de SP não esconde o medo de perder para Eduardo Leite.

O governador do Rio Grande do Sul é tratado como favorito internamente. Por conta disso, o empresário tem mobilizado sua equipe para “atacar”.

Conforme apurou o DCM, há uma clara divisão dentro do núcleo que faz campanha para Doria. De um lado, há muita confiança que ele vencerá com 60% dos votos. Por outro lado, tem quem esteja desesperado.

Eduardo Leite, por sua vez, que encerrou, antes de ontem, seus eventos de campanha para as prévias, pediu o compromisso dos tucanos na reta final. Na terra de seu principal opositor, o governador de São Paulo, João Doria, Leite lembrou o “Bolsodoria” para atacar o adversário. As declaração foram em um auditório com mais de 200 pessoas em um hotel na capital.

“Nao aceito que me coloquem como Bolsonarista em qualquer circunstância. Naquele momento em que Bolsonaro ia vencendo as eleições e era oportuno ser bolsonaeista, eu não fui. Declarei voto, mas não defendi Bolsonaro, não fiz campanha. Meu adversário nas prévias [Doria] não apenas fez campanha: misturou seu nome e fez campanha conjunta. Ele precisa se explicar”, disse Leite.

Aposta de Leite

Eduardo Leite afirmou, na noite deste sábado (20), que a rejeição do eleitorado ao nome de João Doria pode ser um trunfo para ser o vencedor nas prévias.

Antes de confraternizar com apoiadores, numa galeteria de Brasília, o gaúcho também afirmou estar confiante em ganhar a maioria dos votos dos tucanos e, assim como Doria, evitou criticar diretamente o principal adversário interno, embora reconheça que a recente campanha “acentuou diferenças” entre os possíveis presidenciais.

“A gente vê um Brasil polarizado, dividido. Duas candidaturas estão hoje liderando as intenções de voto, mas que também lideram na rejeição e, entre nós no PSDB, a que tem menos rejeição é a nossa e, por isso, uma [tenho a] candidatura com mais chance de crescer o piso”, disse.

Investimento de Doria

Nos últimos dias, os governadores aumentaram as ofensivas com disparos de mensagens e costuras com tucanos da ala histórica. Doria está causando nessa briga política.

A campanha de Doria está causando o climão. Porque ela conta com a ajuda de uma consultoria e tem uma estrutura de call center robusta. O governador de SP investiu muito na campanha para a votação dentro do partido.

Até senadores chegaram a ser abordados em pesquisas contratadas por Doria para revelarem qual seria seu voto. Um mutirão feito num domingo, por exemplo, reuniu cerca de 100 tucanos no diretório do PSDB de São Paulo.

Doria, que declarou patrimônio de R$ 179 milhões ao TSE em 2016, não surpreenderá se vencer pelo tanto de capital gasto, mas caso perca, será um grande fiasco.

A estratégia do paulista provocou incômodo de tucanos, que reclamam de receber várias mensagens por dia. Campanha de Leite reagiu, condenando o spam. “Lamentamos os envios de spam no WhatsApp oriundos de números apócrifos”, afirmou em rede social, ressaltando respeitar “a privacidade e o horário de envio”. Para aliados do gaúcho, o spam deixa as pessoas irritadas e tem efeito contrário.

Doria é favorito?

João Doria tem dito aos quatro cantos que é o grande favorito para vencer as prévias do PSDB. Essa confiança aumentou ainda mais com o número de filiados que se cadastraram para votar no dia 21 de novembro. Seu reduto eleitoral representará na urna mais do que a maioria.

Conforme levantamento feito pelo DCM, dos 28.574 pessoas que se cadastraram para votar, 17.423 são do estado paulista. Isso representa 60,9% dos tucanos aptos a votar. O que mais chama a atenção é que o partido tem 1,3 milhão de filiados. Ou seja, a adesão para escolher o pré-candidato da sigla foi muito baixa.

Quem apoia quem?

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso apoia Doria;

De saída do PSDB e cotado para vice de Lula, o ex-governador Geraldo Alckmin está com Leite;

Ex-governador de São Paulo, o senador licenciado José Serra declarou apoio a Doria;

Tasso Jereissati se licenciou do mandato para fortalecer a campanha de Eduardo Leite;

Senadora por São Paulo, Mara Gabrilli vota em Doria;

Candidato à Presidência em 2014, Aécio lidera campanha em Minas a favor de Leite;

Em disputa interna no estado, Yeda Crusius, ex-governadora do Rio Grande do Sul, apoia Doria;

Reinaldo Azambuja indica preferência por Leite;

Alexandre Frota faz campanha por Doria;

O ex-governador do Paraná Beto Richa fechou com Eduardo Leite;

Ex-governador e ex-senador, Cássio Cunha Lima é eleitor de Doria. Ele é pai do deputado Pedro Cunha Lima, que está com Leite;

Prefeito de Porto Velho, Hildon Rocha apoia Leite;

A prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, está alinhada com Doria;

Senador em exercício, Aníbal acompanha Eduardo Leite contra Doria;

Líder da bancada tucana no Senado, Izalci é eleitor declarado de Doria;

Senador Rodrigo Cunha declarou voto em Leite;

Recém-filiada ao PSDB, a deputada Joice Hasselmann votará em Doria;

Líder do PSDB na Câmara está com Eduardo Leite;

Plínio Valério é um dos poucos a declarar apoio a Arthur Virgílio, candidato que corre por fora;

Presidente do PSDB, Bruno Araújo não divulga qual candidato apoia.

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