Leio que Dilma foi humilhada por pessoas que lhe endereçaram impropérios na estreia do Brasil na Copa.
O que mais me incomoda aí é a palavra “humilhação”.
A melhor história que tenho, em casos de violência física ou moral, vem de Santo Agostinho, um dos grandes filósofos da Igreja.
Monjas estavam se matando depois de serem estupradas.
Agostinho se dirigiu a elas com o seguinte raciocínio: uma agressão daquela natureza diminui, reduz a nada quem a pratica, e não quem a sofre. Defendeu com seu vigor e brilho habituais esta tese inovadora, esta nova maneira de enxergar as coisas. Um capítulo particularmente luminoso da filosofia ocidental acabava de ser escrito em circunstâncias extremas.
Os suicídios entre as monjas estancaram.
O horror estava nos bárbaros que as estupraram, e não nelas. Não havia razão para que se sentissem humilhadas e, muito menos, para que se matassem.
Os insultos dirigidos a Dilma humilham quem os proferiu – e não a ela.