Glossolalia: São Paulo dizia que era preciso tradutor para quem “fala em línguas”, como Michelle Bolsonaro

Atualizado em 4 de dezembro de 2021 às 11:39

Ninguém esquecerá jamais a cena de Michelle Bolsonaro comemorando a nomeação de André Mendonça para ministro do STF.

Michelle acompanhou o resultado em uma sala com pastores, todos felizes da vida. 

A indicação era uma promessa de campanha de Bolsonaro, que prometeu um sujeito “terrivelmente evangélico”. 

A primeira-dama grita: “Deus, Deus do céu. Deus de promessas. Senhor! […] Obrigado por ouvir a nossa oração, senhor!”. 

E então sai uivando num idioma aos saltinhos até abraçar Mendonça. 

Para além do espetáculo dantesco e do enterro do estado laico, o que aconteceu ali tem nome: glossolalia.

É uma prática comum entre os neopentecostais. O fiel se manifesta em “línguas celestiais”, ou “línguas dos anjos”, durante o culto. 

Esse dom é acompanhado de expressões corporais que reproduzem sentimentos de alegria, transbordamento, choro, riso etc.

A Bíblia registra sua presença nos Atos dos Apóstolos. Em Coríntios, Paulo faz uma advertência: “Se alguém falar em língua, que haja dois ou no máximo três, um de cada vez, e haja um que interprete”.

Ou seja, é preciso um tradutor para organizar a bagaça.

No caso de Michelle, provavelmente ela está falando que o cheque caiu e está chegando o momento em que vai se livrar do encosto do marido.

Amém, igreja.