Documentos conseguidos pelo DCM indicam que Moro não apresentou provas de que não poderia trabalhar para a Odebrecht. Isso é o oposto do que o ex-juiz e atual presidenciável vem dizendo desde que o caso veio à tona. No relatório apresentado pelo próprio ex-superministro de Jair Bolsonaro, é possível constatar que há uma incongruência séria.
No contrato de confidencialidade apresentado por ele na live com o MBL (Movimento Brasil Livre), de fato existe a proibição. Trecho do documento (veja a imagem abaixo), indica que Sergio Moro não poderia prestar consultoria para empresas ligadas à Lava Jato e cita nominalmente a Odebrecht.
O problema é que o tal contrato de confidencialidade apresentado foi assinado entre Moro e a A&M-Brazil-DI (Alvarez & Marsal Disputas e Investigações Ltda – CNPJ 38.235.111/0001-50), no entanto, o ex-juiz apresentou comprovante de recebimento, seu holerite, da Alvarez & Marsal Consultoria em Engenharia Ltda (CNPJ 28.092-933/0001-75). As duas, por óbvio, possuem CNPJs diferentes.
Leia também
1 – Moro ataca subprocurador após pedido de bloqueio de bens: “Abuso de poder”
2 – Kakay é contra pedido do MP, mas diz que Moro é obrigado a prestar contas
3 – Deputado do PT pede que PGR investigue contrato de Moro com Alvarez & Marsal
Moro pode trabalhar para a Odebrecht?
Não é possível afirmar que o candidato do Podemos podia ou não prestar serviços para a Odebrecht. Isso só será esclarecido quando ele apresentar todos os contratos assinados com todas as empresas do grupo Alvarez & Marsal. Não sabemos quantos são. Só no Estado de São Paulo a Alvarez & Marsal tem 14 empresas, com 14 CNPJ diferentes..
No caso específico do contrato com a Alvarez & Marsal Consultoria em Engenheira Ltda, para a qual ele emitiu uma nota fiscal, recebeu por ela e, portanto, obrigatoriamente tem um contrato assinado com ela, pode até ser que tenha um outro acordo de confidencialidade assinado por ele, mas esse acordo não está nos documentos divulgados na live com o Deputado Federal Kim Kataguiri (DEM).
Na nota fiscal emitida pela empresa dele, ele recebeu cerca de R$ 811 mil da Alvarez & Marsal Consultoria em Engenharia Ltda, isso mostra que ele prestou serviço para esta empresa e não para a outra, em que há a proibição de consultoria para a Odebrecht ou outras empresas que foram investidas na Lava-Jato.
Ele está enrolado
O contrato dele e a Alvarez & Marsal colocou o nome do ex-juiz numa situação delicada. Ele vem sendo investigado pelo TCU (Tribunal de Contas da União) por causa disso. Como ele foi o juiz da Lava Jato e responsável por condenar diversas empresas, se ele prestar serviços para alguma delas, pode se configurar algum tipo de crime.
Inclusive, nesta sexta-feira (04), o MP (Ministério Público) pediu bloqueio dos bens do candidato por avaliar que existe a possibilidade dele ter sonegado impostos.
