A adesão institucional do Partido Republicano ao discurso golpista de Donald Trump mostra que a direita americana abriu mão completamente da racionalidade em troca da manutenção do capital político conquistado por Donald Trump.
A censura aos deputados Liz Cheney e Adam Kinzinge sinaliza que cada vez mais o partido se rendeu à seita formada pelos seguidores do ex-presidente americano e sim, não é exagero caracterizar o movimento formado pelo Trumpismo, de quem um dos idealizadores é o mesmo Steve Bannon que tem laços com a família Bolsonaro, dessa forma, senão vejamos:
Caracterizam a seita, entre vários outros pontos, a existência de um comandante supremo, a quem compete dar a última palavra sobre qualquer conflito envolvendo seus liderados e dar as diretrizes sobre como analisar as questões que os afligem. Esse líder geralmente é um ser dotado de carisma e sabe canalizar as expectativas daqueles que estão em seu entorno, que por sua vez o veneram. Essa admiração extremada faz com que as pessoas ao redor percam seu senso crítico, o que faz com que sua liderança seja exercida de forma totalitária e personalista.
O oposto desse tipo de liderança é aquela verdadeiramente popular, forjada pelas demandas dos grupos ao qual legitimamente pertencia e que destacou-se na busca de suas soluções e, com isso, angariou a simpatia e confiança das pessoas. Nelson Mandela em sua luta contra o Apartheid na África do Sul, Martin Luther King em sua cruzada contra o racismo nos EUA e, claro, Lula, desde os anos 70, sempre defendendo os interesses dos trabalhadores.
Essa perda do senso crítico faz com que as pessoas sob tal influência não pensem duas vezes antes de mandar uma fake news a seus amigos no Whatsapp ou Telegram ou que repitam discursos sem o menor fundamento científico, como os discursos antivacina ou os que minimizam os riscos do Coronavírus, por exemplo.
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Tudo isso somado ào fenômeno das bolhas causado principalmente pela internet faz com que o eleitor perca espaço para o membro de seita: trazendo essa discussão ao Brasil de 2022, vê-se que não há mais espaço para políticos tradicionais como José Serra e Aécio Neves na busca do voto conservador. A liderança sectária de Bolsonaro acabou com esse espaço e é um preço que a direita vai demorar anos para pagar. Dessa forma, não é estranho observar-se que tucanos históricos como Aloysio Nunes, Alckmin e até FHC sinalizem com a possibilidade de votarem em Lula, ainda que seja em segundo turno. A política que eles fazem prescinde de uma racionalidade mínima que não tem espaço com os antigos aliados que aderiram ao bolsonarismo.
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