Doria alega sacrifício para escapar da corrida presidencial e tentar a reeleição em SP. Por José Cássio

Atualizado em 25 de fevereiro de 2022 às 15:02
Doria cumprimenta Haddad em debate na TV
Doria cumprimenta Haddad em debate na TV: o gestor aposta no conservadorismo paulista para se manter no comando do governo do Estado

Fernando Haddad virou muleta para uma reviravolta eleitoral na vida de João Doria. O governador de São Paulo, que viu naufragar a sua tentativa de disputar a presidência, está falando em concorrer à reeleição para impedir o avanço do petismo no estado.

A saída de Geraldo Alckmin – será vice na chapa de Lula – e a desistência de Márcio França abriram uma avenida para Haddad na corrida ao governo do Estado: no último levantamento, divulgado pelo Ipespe, o ex-ministro e ex-prefeito de SP chega a 38% das intenções de voto se sua candidatura for apoiada por Lula e por Geraldo.

É aí que mora a saída honrosa do gestor: Doria vai se apoiar numa suposta humildade para tentar um salto pra lá de marqueteiro.

A ideia é admitir que de fato não conseguiu emplacar seu nome na corrida presidencial, mas que isso não o impede de cortar na própria carne.

Esse sacrifício seria abrir mão do sonho da presidência para salvar São Paulo dos ‘comunistas’ – convenhamos, a tática já funcionou em 2018 quando Doria assim rotulou Márcio França para apavorar o eleitorado do interior e garantir a vitória apertada no segundo turno.

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Rodrigo Garcia continua mandando na banca

Ao se deparar com uma informação como essa, a primeira pergunta que se faz é: como fica Rodrigo Garcia, o vice que Doria trouxe para o PSDB com a garantia de que seria candidato à sua sucessão?

Rodrigo aprendeu fazer política com seu parceiro Gilberto Kassab.

É o suficiente para entender que não será empecílho para os planos do gestor. Com o vice, tudo é negociável e Rodrigo já teria sinalizado a Doria de que topa seguir no mesmo caminho e embarcar na cascata de que ambos, cada qual a seu modo, topam o sacrifício para livrar São Paulo do mal maior.

A despeito do marketing, Doria tem uma visão pragmática da conjuntura. Sabe que a reeleição não é tarefa tão difícil a se considerar que, exceção de Haddad, não há ninguém competitivo na disputa.

O Podemos, de Sergio Moro e lavajatistas, aposta numa aberração: Arthur Mamãe Falei, enquanto o grupo de Bolsonaro imagina ser possível carregar nas costas o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas.

Doria já venceu Haddad nas urnas

Além do fantasma comunista, Doria imagina ser possível explorar outro fato contra Haddad: ele sabe como concorrer contra o petista, pois já venceu o ex-ministro uma vez – quando foi eleito prefeito de São Paulo.

As negociações ainda são de bastidores, mas ganharam corpo nesta semana. Doria está falando com correligionários enquanto define a melhor tática para viabilizar o negócio.

Daí em diante só vai faltar convencer o eleitor.

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