O ex-presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), o militante Sydney Ferreira Possuelo, devolveu nesta quinta-feira (17) a medalha do Mérito Indigenista, que recebeu há 35 anos. A atitude foi tomada depois que Jair Bolsonaro (PL), e ministros do atual governo, foram condecorados.
Possuelo é um dos maiores indigenistas do país, que tem um profundo conhecimento sobre os povos isolados. Em uma carta enviada junto com a medalha, ele disse que recebeu a notícia da condecoração de Bolsonaro com “imensa surpresa e natural espanto”.
“Quando deputado federal, o senhor Jair Bolsonaro, em breve e leviana manifestação na Câmara dos Deputados, afirmou que a ‘cavalaria brasileira foi muito incompetente. Competente, sim, foi a cavalaria norte-americana que dizimou seus índios no passado e hoje em dia não tem esse problema no país’”, disse ele no documento, que foi endereçado ao ministro da Justiça, Anderson Torres.
Ele disse ainda que o fato de Bolsonaro ter recebido a medalha é um ato “flagrante, descomunal, ostensiva contradição” e que, “por essas razões, senhor Ministro, devolvo ao governo brasileiro, por seu intermédio, a honraria que, no meu juízo de valores, perdeu toda a razão pela qual, em 1972, foi criada pelo Presidente da República”, afirmou.
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Lideranças indígenas criticam condecoração de Bolsonaro
A medalha é tradicionalmente concedida a pessoas que se destacam pelos trabalhos de proteção e promoção dos povos indígenas no Brasil. Bolsonaro, ao contrário, vem sendo criticado e denunciado por organizações que atuam em defesa desses povos.
Sônia Guajajara, que é indígena e coordenadora-executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apibi), disse que a solenidade foi “uma afronta. É claro que é uma afronta total ao movimento indígena, ao ato pela terra, a tudo que a gente está fazendo para contrapor todas essas maldades desse governo.”
Os ministros Braga Netto (Defesa), Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e Tereza Cristina (Agricultura), também receberam a medalha.
Confira a carta:
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