O subprocurador-geral do Ministério Público, Lucas Rocha Furtado, entrou com uma representação no Tribunal de Contas da União para que investigue se o Ministério da Educação (MEC) está sob influência de pastores evangélicos em agenda e políticas públicas.
A solicitação foi apresentada nesta sexta-feira (18) após a uma reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo” apontar que existe um “gabinete paralelo” de pastores no MEC. Eles seriam responsáveis pelo controle da agenda e da verba do ministério, chefiado por Milton Ribeiro.
O grupo de pastores estaria atuando como “lobista”, segundo a reportagem, e seria comandado por Gilmar Silva dos Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, e Arilton Moura, assessor de Assuntos Políticos da entidade.
O próprio pastor Gilmar dos Santos teria dito que era o responsável por garantir verbas para prefeituras durante um discurso em maio de 2021, na cidade de Centro Novo do Maranhão.
Na representação, o subprocurador afirmou que a conduta do Ministério da Educação poderia colocar “não só a laicidade do Estado brasileiro em risco, mas também o direito à igualdade, à isonomia e a uma sociedade sem preconceitos, todos assegurados na Constituição Federal”.
Leia mais:
1- Bancada evangélica decide se apoiará Bolsonaro após liberação de jogos de azar
2- Eduardo Bolsonaro e Hélio Lopes têm cargos confirmados em frente evangélica
3- Câmara quer votar regularização de jogos de azar e irrita bancada evangélica
‘Agenda evangélica’ pode estar pautando políticas públicas no país
Furtado expressou ainda preocupação com “o fato de que a chamada ‘agenda evangélica’ esteja pautando as políticas públicas do País” e lembrou que “o sectarismo religioso avança a passos largos” em ministérios do governo.
“Questões como a abstinência sexual, o direito ao aborto e a política voltada ao combate ao uso de drogas, que mereceriam extenso debate por envolverem escolhas individuais de amplo espectro, estão sendo pautadas pela base evangélica do governo Bolsonaro (…), criando flagrante distinções entre brasileiros e suas preferências entre si”, diz a representação.