Após o ministro da Educação, Milton Ribeiro, dizer, numa conversa gravada em áudio, como funciona a distribuição de verbas da pasta por dois pastores, lideranças da bancada evangélica deram 24 horas para que ele explique as declarações.
Segundo a jornalista Mônica Bergamo, os religiosos estão revoltados por mal conhecerem os pastores envolvidos, Gilmar Santos e Arilton Moura. Alguns já defendem até a saída de Ribeiro do MEC (Ministério da Educação).
O deputado bolsonarista Sóstenes Cacalvante (PL-RJ), presidente da bancada, já enviou o recado diretamente ao ministro. Parlamentares exigem que ele realize uma entrevista coletiva nesta terça-feira (22) para prestar esclarecimentos.
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Vice da bancada evangélica vai na mesma linha
O vice-presidente do grupo, Luis Miranda (Republicanos-DF), que é dissidente do governo, também quer explicações. “Se os fatos forem comprovados, é caso, sim, de exoneração do ministro”, afirmou o parlamentar.
“Conversei com vários integrantes da bancada evangélica, e mesmo os que apoiam o governo não têm o ‘privilégio’ de ver seus pleitos atendidos desta forma. Um ministro não pode defender interesses privados, mas sim de toda a sociedade”, acrescentou.
O que Milton Ribeiro diz na gravação
Na conversa, o ministro da Educação afirma que o governo Bolsonaro prioriza prefeituras cujos pedidos de liberação de verba foram negociados por dois pastores. Os religiosos não têm cargo e atuam em um esquema informal de obtenção de verbas do MEC.
O ministro Ribeiro diz que isso atende a uma solicitação do próprio Jair Bolsonaro (PL). “Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, disse ele em conversa que participaram prefeitos e os dois religiosos.
Milton também indica haver uma contrapartida à liberação de recursos da pasta. “Então o apoio que a gente pede não é segredo, isso pode ser [inaudível] é apoio sobre construção das igrejas”. Na gravação, ele não dá detalhes de como esse apoio se concretizaria.