O ódio a Lula e a “lenda do piolhento”. Por Lenio Streck e Marco Aurélio de Carvalho

Atualizado em 28 de março de 2022 às 14:11
Foto do ex-presidente Lula com uma expressão de alerta e apontando os dois dedos indicadores para cima.
O ex-presidente Lula (PT). Foto: Andre Penner/AFP

Reza a lenda (a palavra está na moda) que um sujeito invocou com certa autoridade e passou a chamá-la de “piolhento”. Não importava o motivo. Não tinha hora. O dia todo, em todos os lugares, lá vinha o sujeito e dizia “fulano é piolhento”.

Processado, advertido, desmentido, não adiantou. Até que, irritados, os cidadãos da comunidade levaram o difamador ao rio próximo. Deram-lhe um caldo e, todas as vezes que o assunto vinha à tona, o difamador, ainda cuspindo água, dizia: “piolhento”.

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No estertor, quando já não conseguia falar, o difamador colocou os dois polegares para fora e juntou-os esfregando uma unha à outra. Os cidadãos desistiram, então. Fazer o quê com essa patologia?

É o caso de Sardenberg. Difama o PT e Lula todos os dias. Mesmo que os processos tenham sido todos extintos e que Lula seja tão inocente quanto os donos da rede Globo, e que a perseguição criminosa e injusta que sofreu já tenha sido desmascarada, Sardenberg sai pela cidade dizendo “PT e Lula roubaram”. Na coluna de 26.03.22, superou-se.

Vamos lá. Imaginemos que as pessoas analisem os processos da empresa Globo (ou de qualquer outra) que foram vencidos com base nas garantias jurídicas como prescrição, nulidades ou incompetências de juízos e, mesmo assim, digam: “a empresa deve. Caloteira. Todo mundo sabe”. Mais. Imaginemos que os adversários do dono da Havan saiam dizendo que ele cometeu crimes financeiros, embora tenha ocorrido a prescrição? Aí não vale, Sardenberg?

Mas em uma frase do artigo do dia 26 último, Sardenberg está correto.

Leiamos: “Já está mais que demonstrado que um sistema de corrupção política destrói a economia, ao eliminar a legítima competição e premiar os amigos do presidente ou do pastor”.

Ele está descrevendo o trabalho dos seus ídolos Moro e Dallagnol. A Lava Jato foi, mesmo, a construção juspolítica que destruiu a economia e a política do país. Tirou Lula da competição eleitoral e elegeu Bolsonaro. Os mencionados pastores ( e é bom que se diga que são minoria) são apenas o subproduto.

Veja-se que, ao tentar atirar no PT e em Lula, ele dá um tiro nos seus amigos e naqueles que, com sua omissão, sempre buscou proteger.

Como não dá para evitar que Sardenberg diga “piolhento”, talvez um ato de contrição lhe fizesse bem. Poderia fazer isso consultando os advogados do Jornal. Eles lhe explicariam – porque são muito competentes – o que é juízo incompetente, o que é parcialidade e o que é prescrição.

Se mesmo assim ele continuar a espiolhar, bom, então é um caso perdido. Não se pode ter tudo.

Por Lenio Streck e Marco Aurélio de Carvalho

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