Diante da cassação, Mamãe Falei tenta o golpe das “provas ilícitas”. Por Nathalí

Atualizado em 13 de abril de 2022 às 9:40
Mamãe Falei com a cabeça baixa, roendo unha e com cara de preocupado.
“Lixo” e “vergonha” foram associados ao deputado nas redes sociais. Foto: Reprodução

Finalmente a ALESP teve a decência de demonstrar algum respeito pelas mulheres ao decidir, por unanimidade, a cassação do mandato de Arthur do Val (conhecido como mamãe falei m*rda), por conta dos áudios em que o Deputado afirmava que “mulheres ucranianas são fáceis, porque são pobres”, e outros absurdos que não vale a pena revisitar, porque este é significativo o suficiente.

A cassação, por quebra de decoro parlamentar, oferece às mulheres brasileiras um fio de esperança. É absolutamente significativa em um país em que perguntam às mulheres estupradas, no ato da denúncia, porque não simplesmente fecharam as pernas. Significa que finalmente estamos sendo consideradas gente.

Sem namorada, sem cargo e sem apoio político de ninguém, Arthur segue claramente para a vala do esquecimento, um personagem que sequer deve constar nos livros de história que os meus filhos lerão.

Dizem alguns que cassação não é o bastante. MATEM! TRUCIDEM! Eles dizem. Eu não sou dessa filosofia, por assim dizer. Acredito na educação, na justiça, mas não na violência (e é claro que, embora não seja uma punitivista sem escrúpulos, nesse caso desejaria que ele já estivesse preso).

Porém, o significado dessa decisão ultrapassa a questão punitivista. Pensemos: uma decisão como essa educa uma sociedade inteira. É uma decisão que nos diz: o país está caminhando para deixar de odiar suas mulheres.

Como se não bastasse, Arthur teve a cara de pau de alegar que as provas (áudios) eram ilícito, e não poderiam justificar a cassação. Então é isso: além de não ser preso, o bonito quer continuar sendo um parlamentar.

Acontece que golpe da “prova ilícita” é popular entre os advogados penalistas, um golpe judicial do tempo em que se amarrava cachorro com linguiça (e de golpe eles são bons). Chamada de “teoria do fruto da árvore envenenada”, afirma que só pode haver condenação quando as provas forem obtidas pelo próprio poder judiciário, e não por áudios vazados.

Foi-se o tempo que aceitava-se de bom grado essa teoria. Embora haja jurisprudências (decisões de tribunais superiores), na prática, não é tão fácil. Se ele precisou desse argumento tosco para se defender do indefensável, é certo que não voltará à sua cadeira na ALESP.

Anseio pelo dia em que poderei não ver sequer o nome desse energúmeno nas manchetes.

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