Em entrevista ao Valor Econômico, o vice-presidente Hamilton Mourão, general da reserva, defendeu a compra de mais de 35 mil comprimidos de Viagra, remédio usado para tratar disfunção erétil, pelas Forças Armadas. Ele criticou a cobertura da imprensa sobre o caso, dizendo ser “coisa de tablóide sensacionalista”.
O general argumentou que boa parte da verba usada para a aquisição do medicamento é descontada posteriormente dos salários dos militares. Ele ainda aproveitou para fazer graça com o assunto: “Então, tem o velhinho aqui”, disse ele, apontando para si próprio. “Eu não posso usar o meu Viagra, pô?”
A justificativa oficial para a compra é que a droga também pode ser usada para casos de hipertensão arterial pulmonar. A doença, porém, é rara, com incidência de um caso a cada 250 mil pessoas.
Mourão afirma que a razão da compra pouco importa, já que, segundo ele, dois terços do sistema de saúde do Exército são bancados pelos próprios militares. “Nós temos farmácias. A farmácia vende medicamentos. E o medicamento é comprado com recursos do fundo”, diz o vice.
“Não é nada”, dizem Mourão e Bolsonaro sobre Viagra das Forças Armadas
“O que são 35 mil comprimidos de Viagra para 110 mil velhinhos que tem? Não é nada”, afirma ele, minimizando o escândalo.
O governo de Jair Bolsonaro (PL) e os militares perderam de vez o pé da realidade. Qualquer comportamento, não importa o quão absurdo, é encarado com normalidade pelo presidente e sua equipe. Ele foi na mesma linha de Mourão ao explicar o caso.
“Com todo respeito, não é nada a quantidade para o efetivo das três Forças, obviamente, muito mais usado pelos inativos e pensionistas”, afirmou Bolsonaro, insistindo na balela de que o Viagra é usado pelas Forças Armadas “para combater a hipertensão arterial e também as doenças reumatológicas”.